“O mundo ainda não está preparado para a dispensa total de combustíveis, deixemo-nos de fantasias”, afirmou esta quinta-feira o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro, durante a conferência “Green Gas Summit”, em Lisboa.
Na sua intervenção no evento, Armindo Monteiro salientou que “a CIP sempre defendeu que a transição energética é inevitável e desejável, mas deve ser concretizada com prudência e sem estados de alma”.
Para o dirigente da confederação patronal, “o gás deve ser encarado como indispensável para a transição energética”, assim como “a rede de gasodutos que existe hoje é indispensável”.
Chamando a atenção para o facto de os gases renováveis já estarem disponíveis para serem utilizados, Armindo Monteiro salientou também que “sem gás não teríamos tido o crescimento económico que temos tido em Portugal no último ano e meio”.
Na mesma conferência, o presidente executivo da Floene, concessionária da maior parte da rede de distribuição de gás natural em Portugal, destacou que “a rede de gás natural em Portugal está preparada para receber os gases renováveis”.
O gestor da Floene, Gabriel Sousa, enfatizou que a sua empresa já tem recebido dezenas de pedidos de promotores de projetos de gases renováveis (como hidrogénio verde e biometano) para ligar essas novas unidades de produção à rede da Floene.
“Recebemos já cerca de 80 pedidos de injeção de gases renováveis na rede, que correspondem a cerca de 12% do consumo de gás em Portugal”, afirmou Gabriel Sousa.
Já o deputado social-democrata António Leitão Amaro, outro dos participantes no “Lisbon Green Gas Summit”, admitiu que “eletrificar e reduzir o consumo de energia é um caminho importante a fazer”, sublinhando a disponibilidade de várias fontes alternativas para envolver as cidades nos esforços de descarbonização, como, por exemplo, o aproveitamento de resíduos sólidos urbanos para a produção de biogás.
O deputado do PSD deixou, no entanto, um alerta, notando que a estratégia energética, além de promover a sustentabilidade ambiental, também deverá assegurar um caminho de sustentabilidade económica e social.
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