Energia

Bloqueio dos Estados Unidos a painéis solares da China atrasa projetos da EDP Renováveis

Miguel Stilwell de Andrade, presidente executivo da EDP.
Miguel Stilwell de Andrade, presidente executivo da EDP.
D.R.

A EDP Renováveis adiou de 2023 para 2024 a instalação de nova capacidade solar de 0,9 gigawatts nos Estados Unidos, devido à dificuldade de um dos seus fornecedores chineses em fazer entrar equipamentos no mercado americano

Bloqueio dos Estados Unidos a painéis solares da China atrasa projetos da EDP Renováveis

Miguel Prado

Jornalista

A EDP Renováveis está a ter problemas no desenvolvimento de parte da sua carteira de projetos nos Estados Unidos da América (EUA), devido aos obstáculos que as autoridades norte-americanas têm colocado à importação de painéis solares de vários fabricantes da China.

Na sua apresentação dos resultados do primeiro trimestre a EDP Renováveis revela que “um fornecedor asiático está a levar mais tempo do que o previsto” para preencher os requisitos da autoridade aduaneira dos EUA de forma a garantir a inexistência de trabalho forçado nas suas fábricas.

Na apresentação o presidente executivo da EDP Renováveis, Miguel Stilwell de Andrade, esclareceu que se trata da empresa chinesa Longi, que é um dos maiores fabricantes do mundo de painéis solares, e que no ano passado já tinha sido identificada pela Reuters (juntamente com a Trina Solar e a Jinko Solar) como visada pelo bloqueio na entrega dos seus equipamentos em território americano.

Em causa está a legislação UFLPA (Uyghur Forced Labor Prevention Act), que os Estados Unidos fizeram entrar em vigor em junho, para combater a violação de direitos humanos pelos fabricantes chineses de equipamentos solares. A diplomacia chinesa já criticou essas novas regras, classificando o argumento do trabalho forçado como “uma mentira”, para travar os negócios das empresas chinesas.

Em março último a Reuters indicava que já começava a haver sinais de algum alívio nos bloqueios norte-americanos à entrada de equipamento da China, com parte dos carregamentos a obter autorização de entrada no mercado dos Estados Unidos, depois de meses parados.

De acordo com a EDP, os problemas com a Longi levaram o grupo a adiar de 2023 para 2024 instalações de projetos fotovoltaicos nos Estados Unidos com uma capacidade de 0,9 gigawatts (GW).

Em resposta a questões colocadas pelos analistas, o presidente executivo da EDP Renováveis desvalorizou este contratempo, realçando que atualmente o grupo tem em construção um total de 5 GW, o mais alto registo de sempre de nova capacidade em construção por parte da empresa.

Miguel Stilwell de Andrade também garantiu que a EDP Renováveis tem estado a diversificar a sua base de fornecedores de equipamentos fotovoltaicos, notando que os projetos que ficarão operacionais em 2024 nos Estados Unidos envolvem cinco fornecedores diferentes.

Segundo o gestor, “75% da nova capacidade para o período combinado de 2023 e 2024 está já assegurada”.

A EDP Renováveis apresentou esta quarta-feira as contas do primeiro trimestre, com um lucro de 65 milhões de euros, em linha com o obtido no mesmo período do ano passado.

A sua principal acionista, a EDP, apresentará os resultados do primeiro trimestre ao mercado esta quinta-feira.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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