Energia

EDP desvaloriza facto de ter tarifas mais altas que a concorrência e defende que se diferencia pela "estabilidade dos preços"

EDP desvaloriza facto de ter tarifas mais altas que a concorrência e defende que se diferencia pela "estabilidade dos preços"
Pierre Chatel

A EDP Comercial está fora do leque de ofertas de eletricidade mais competitivas em Portugal, mas a gestão da empresa desvaloriza, “Acabamos por nos diferenciar pela estabilidade de preços”, defendeu a presidente da empresa

EDP desvaloriza facto de ter tarifas mais altas que a concorrência e defende que se diferencia pela "estabilidade dos preços"

Miguel Prado

Editor de Economia

A administração da EDP desvalorizou o facto de ser atualmente um dos comercializadores de eletricidade menos competitivos no mercado português. “Durante 2022 a EDP Comercial teve talvez dos preços mais competitivos. Agora podemos ter preços um pouco mais altos que os de alguns dos nossos concorrentes, mas em média ao longo do ano acabamos por nos diferenciar pela estabilidade de preços”, declarou a administradora Vera Pinto Pereira, também presidente da EDP Comercial.

“O que a EDP tem procurado praticar é uma estabilidade de preços ao longo do ano”, sublinhou a gestora, realçando que os seus preços de eletricidade estão cerca de 3% a 4% abaixo dos do mercado regulado.

No entanto, como mostra o mais recente boletim da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a EDP Comercial está longe de apresentar os preços mais vantajosos para clientes domésticos.

De acordo com a ERSE, num perfil de consumo reduzido a fatura mensal mais barata é hoje do comercializador Coopérnico (cerca de 23 euros por mês), muito abaixo do encargo associado à EDP Comercial (cerca de 34 euros por mês. Num perfil médio a oferta mais vantajosa, da Luzboa, tem um custo mensal em torno de 55 euros, ao passo que a oferta da EDP Comercial representa um encargo de 86 euros mensais. E num consumo elevado, os preços da EDP saem mais de 50% mais caros do que os do comercializador mais competitivo.

Diferenças que não preocupam a administração da EDP, que não esclareceu se vai reduzir os seus tarifários de eletricidade a partir de abril.

Em conferência de imprensa realizada em Londres no âmbito da apresentação do plano estratégico para o período de 2023 a 2026, o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, defendeu que o grupo continua a ter “um forte foco nos clientes”. E sublinhou que um dos objetivos da EDP é reforçar a contratação de serviços.

“O nosso negócio não será apenas a venda de energia. Queremos que 35% dos nossos clientes em 2026 tenham algum tipo de serviço contratado. Os clientes serão uma parte crítica do nosso plano”, afirmou.

EDP ainda não foi inquirida pelo MP sobre barragens

Questionado sobre a investigação do Ministério Público relativa ao negócio de venda de seis barragens no Douro (sob suspeita de fraude fiscal, pela forma como a transação foi montada), Miguel Stilwell de Andrade indicou não ter novidades.

“Temos procurado colaborar com a Autoridade Tributária e continuaremos a fazê-lo. Não fomos inquiridos [pelo MP] mas estamos sempre disponíveis para o fazer”, referiu o presidente executivo da EDP.

Miguel Stilwell de Andrade não quis fazer comentários sobre o despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que instrui a Autoridade Tributária a avaliar os edifícios das barragens para efeitos de cobrança de IMI, mas referiu que o entendimento da EDP é de que esses imóveis não estão sujeitos ao imposto.

“Nós cumprimos as nossas obrigações fiscais. A avaliação que fazemos é que o IMI não compreende este tipo de bens. Mas vamos aguardar e avaliar os desenvolvimentos”, afirmou.

O Expresso viajou a Londres a convite da EDP.

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