Energia

Dívida da EDP deverá aumentar para 17 mil milhões de euros nos próximos três anos

Dívida da EDP deverá aumentar para 17 mil milhões de euros nos próximos três anos
D.R.

Após anos de aperto de cinto, a EDP voltará nos próximos anos a aumentar a sua dívida, mas a administração do grupo assegura que o balanço continuará “sólido”, e que o custo da dívida permanecerá sob controlo

Dívida da EDP deverá aumentar para 17 mil milhões de euros nos próximos três anos

Miguel Prado

Editor de Economia

Depois de vários anos de disciplina financeira, que levou a EDP a optar por um conjunto de transações de forma a baixar o seu endividamento, o grupo voltará a aumentar a sua dívida nos próximos três anos, no quadro de um plano de negócios expansionista, com uma aceleração do investimento.

A EDP conta chegar a 2026 com uma dívida líquida de 17 mil milhões de euros, mais 4 mil milhões de euros do que o nível atual, revela a apresentação feita esta quinta-feira aos investidores no Capital Markets Day da elétrica.

Não será o valor mais alto de sempre, pois em 2012 a EDP chegou a registar uma dívida líquida superior a 18 mil milhões de euros. Nos anos seguintes o grupo foi cortando na dívida e no final de 2021 chegou a 11,5 mil milhões de euros, o patamar mais baixo em 14 anos. Em 2022 voltou a subir, para os 13 mil milhões.

No entanto, o administrador financeiro da EDP, Rui Teixeira, assegurou que a empresa está a construir “um balanço sólido”.

A EDP também projeta uma subida do seu EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), que deve chegar a 5,6 mil milhões de euros em 2026. Dessa forma, o grupo conta manter um rácio de dívida líquida / EBITDA estável de 3,3 vezes (em 2022 foi de 3,4).

De acordo com Rui Teixeira, a expectativa da EDP é que ao longo do plano de negócios de 2023 a 2026 o custo da dívida do grupo ronde um valor médio de 4,3% (em 2022 foi de 4,4%).

O plano apresentado esta quinta-feira em Londres indica que nos próximos quatro anos, para financiar o seu crescimento, a EDP precisará de 27 mil milhões de euros.

Além de 4 mil milhões de euros de aumento de dívida, a EDP conta com 2 mil milhões de euros de aumentos de capital (metade na EDP e outra metade na EDP Renováveis), 9 mil milhões de euros de geração de caixa nas suas operações, 8 mil milhões de euros provenientes de alienações de ativos e 2 mil milhões de euros de transações envolvendo créditos fiscais (uma solução a que o grupo vem recorrendo nos Estados Unidos).

Estes recursos serão usados na sua maior parte em investimento de expansão (23 mil milhões de euros), mas também, em menor volume, no pagamento de dividendos (3 mil milhões de euros) e na retirada de bolsa da EDP Brasil (mil milhões).

Novos empréstimos obrigacionistas serão todos verdes

Do plano da EDP consta também a promessa de que entre 2023 e 2026 todas as emissões de obrigações do grupo serão “dívida verde” (dedicada em investimentos em energias limpas ou associada a objetivos de sustentabilidade).

Essas operações contribuirão para elevar o peso das “obrigações verdes” na dívida da EDP dos atuais 44% para 60% em 2026, indica a EDP.

Nos últimos dois anos a EDP emitiu 5,3 mil milhões de euros em “dívida verde”, com um custo médio de 3,2% e uma maturidade média de seis anos e meio.

O Expresso viajou a Londres a convite da EDP.

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