Se a União Europeia (UE) quiser alcançar as metas de descarbonização e fechar o fosso existente face a concorrentes globais, terá de aumentar os níveis de investimento produtivo de forma “significativa”, alerta um estudo do Banco Europeu de Investimento (BEI), divulgado esta terça-feira, 28 de fevereiro.
Cerca de 2%: é este o “fosso” entre o investimento produtivo dos Estados Unidos e da UE, com a comunidade europeia em desvantagem “há mais de dez anos”, de acordo com o relatório de Investimento 2022-2023 do BEI.
Em 2022, menos empresas, entre as 12.500 firmas europeias inquiridas, declararam ter processos de inovação em curso face a 2021, justificando a relutância em investir com a incerteza económica, com a falta de mão-de-obra, e a subida dos preços da energia, de acordo com o comunicado do BEI.
O estudo mostra que “é mais improvável que as empresas da UE inovem ou adoptem novas tecnologias do que as empresas norte-americanas”, um “fosso persistente, exacerbado pela pandemia”.
“O subinvestimento em inovação, tal como em maquinaria e equipamento, pode comprometer a capacidade concorrencial da Europa a longo-prazo”, alerta o BEI.
No que toca a investimento “verde” nas empresas, este aumentou em 2022, depois de uma queda durante a pandemia. “Porém, as perspetivas de investimento empresarial de combate às alterações climáticas são díspares”, dada a incerteza atual, acabando por “contrabalançar parcialmente os incentivos criados pelos preços altos da energia”, segundo o comunicado.
Apesar de a Europa ser líder nas tecnologias “verdes”, nomeadamente nas patentes do setor dos transportes, redes inteligentes, e geração de energia eólica, estas vantagens “podem estar sob ameaça”, dada a “intensificação” da “concorrência global”, aludindo diretamente ao Inflation Reduction Act dos Estados Unidos e ao investimento da China nestas áreas.
O BEI apela a que a Europa “continue a desenvolver a sua posição ao agarrar as oportunidades criadas pelo seu mercado único”, como criar “enquadramentos claros de políticas públicas, condições de igualdade dentro da Europa, investimento em formação, e esforços deliberados na maximização da complementaridade das atividades de investimento públicas e privadas".
Segundo o banco, em termos de formação, o fosso entre regiões pode ameaçar a coesão regional na UE, “com 69% dos municípios ouvidos pelo BEI a declararem que não têm as capacidades ambientais e de avaliação climática que necessitam para avançar com investimentos verdes".
A implementação bem-sucedida do plano europeu de recuperação e resiliência depende de os estados “abordarem as capacidades locais, as restrições orçamentais e os obstáculos regulatórios”, fatores “particularmente decisivos”.
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