A Galp Energia obteve em 2022 um resultado líquido ajustado de 881 milhões de euros, quase duplicando, com um crescimento de 93%, o lucro de 457 milhões de euros registado em 2021, revelou esta segunda-feira, 13 de fevereiro, a empresa portuguesa. É o maior lucro de sempre da petrolífera.
Na base contabilística IFRS o resultado líquido da Galp ascendeu a 1471 milhões de euros, comparando com 4 milhões de euros apenas em 2021.
O resultado líquido ajustado (que elimina os efeitos não recorrentes e o impacto dos custos de substituição de stocks), de 881 milhões de euros, faz de 2022 o melhor ano de sempre da Galp, batendo o lucro de 707 milhões de euros que a petrolífera tinha registado em 2018, que tinha sido até agora o seu melhor resultado.
Em 2020, com o impacto da pandemia (que reduziu a procura de combustíveis e baixou o preço dos produtos petrolíferos), a Galp chegou a registar um prejuízo (na base ajustada) de 42 milhões de euros.
O disparo nos ganhos de 2022 veio principalmente do negócio de exploração e produção de petróleo e gás (também conhecido como upstream), e ainda da divisão industrial (onde se inclui a refinação).
No upstream o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu 53%, para 3083 milhões de euros, suportado por um disparo do preço do petróleo (o Brent subiu 43% em 2022, para 101,3 dólares por barril).
Já na área industrial o EBITDA da Galp saltou de 64 milhões de euros em 2021 para 451 milhões de euros em 2022, beneficiando de um ano com novos recordes nas margens de refinação (que assumiram na Galp um valor médio de 11,6 dólares por barril, mais do triplo dos 3,3 dólares de 2021).
No total o EBITDA da Galp em 2022 ascendeu a 3,85 mil milhões de euros, mais 66% do que no ano anterior.
Considerando somente o quarto trimestre, o EBITDA da Galp foi de 951 milhões de euros, mais 48% em termos homólogos, um crescimento suportado também pela exploração e produção e, em menor escala, pela refinação.
Galp espera redução do EBITDA este ano
Nas suas previsões de curto prazo, a Galp projeta para 2023 um EBITDA ajustado de 3,2 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 17% abaixo do alcançado em 2022. O upstream continuará a representar a “fatia de leão” dos ganhos do grupo, com um EBITDA superior a 2 mil milhões de euros.
A esta redução dos ganhos não será alheia uma correção esperada na cotação do petróleo, com a Galp a apontar para que o Brent assuma um valor médio de 85 dólares por barril este ano.
Também a margem de refinação deverá recuar para 9 dólares por barril, um nível ainda elevado, mas inferior ao recorde de 2022.
A Galp projeta ainda um preço do gás natural de 60 euros por megawatt hora (MWh) na Península Ibérica, em linha com a atual cotação deste produto, mas longe dos recordes de 2022, e um preço de venda para a sua produção de energia solar de 120 euros por MWh.
Nos novos negócios, a Galp conta terminar este ano com 1,6 gigawatts (GW) de capacidade renovável instalada, e na rede comercial conta ter mais de 5 mil pontos de carregamento de veículos elétricos.
O investimento médio anual do grupo previsto para o horizonte de 2023 a 2025 é de mil milhões de euros.
A Galp não fez nenhuma projeção para o resultado líquido que espera obter em 2023, ano que será marcado pela saída da produção petrolífera em Angola, por via da venda dos ativos que hoje a Galp detém à angolana Somoil, por quase 800 milhões de euros. O negócio foi anunciado esta segunda-feira e deverá estar concluído no segundo semestre deste ano.
Notícia atualizada às 7h16 com mais informação.
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