O mercado está animado com a possibilidade de uma operação que irá colocar de novo um grupo hospitalar em bolsa. A venda de entre 30% a 40% do capital da Luz Saúde, detida pela maior seguradora a operar em Portugal, a Fidelidade, foi esta quinta-feira notícia no diário económico espanhol ‘Expansion’.
A entrada de um grande banco espanhol no sindicato bancário da operação foi confirmada pelo Expresso. O CaixaBank, que em Portugal detém o BPI, será, segundo fonte ligada ao processo, um dos bancos intervenientes no processo ao lado do BCP e do alemão H&A – Hauck Aufhäuser Lampe. O Caixa Banco de Investimento, da CGD, é quem lidera a operação.
A operação de venda por parte da Fidelidade (detida pela chinesa Fosun) incluirá ainda o Citi e a UBS, como já foi noticiado, apesar de o grupo segurador nada confirmar, mas também nada desmentir.
Para já, o Citi e a UBS irão fazer uma prospeção no mercado, a verificar as condições de mercado e dependendo do interesse e apetite dos investidores irão escolher em que praça a operação poderá ser feita.
Tudo está em aberto, mas segundo apurou o Expresso este "será um processo longo" que depende de muitos fatores e que só avançará depois dos resultados a que o Citi e UBS chegarem relativamente ao interesse do mercado numa operação deste tipo.
Não obstante, o momento temporal da operação “é crucial e provavelmente o melhor momento será no primeiro trimestre de 2024”, indica ao Expresso uma fonte do mercado.
No artigo publicado no ‘Expansion’ é mencionado que a participação de 40% valerá 400 milhões de euros, mas na Fidelidade ninguém fala sobre este valor. Contactadas pelo Expresso, a Luz Saúde e a Fidelidade continuam a não fazer comentários.
A seguradora tem dito por diversas vezes que a empresa de saúde do grupo "é estratégica". E como tal a venda em bolsa será sempre abaixo dos 50%.
Há algum tempo que a Fidelidade – detida maioritariamente pela Fosun International, e que é dona de 99,9% da Luz Saúde – está a estudar um possível regresso à bolsa da Luz Saúde, através de uma oferta pública inicial (IPO) de uma posição minoritária no grupo de saúde privado. Mas o plano foi interrompido pela pandemia, segundo uma fonte de mercado.
“Sólida” saúde financeira em 2022
Em 2022, a Luz Saúde teve rendimentos operacionais consolidados de 599 milhões de euros (mais 10,6 % face ao ano anterior), impulsionados pelo crescimento do segmento de cuidados de saúde privados (10,8%), salienta a presidente da comissão executiva da empresa, Isabel Vaz, na mensagem que consta no relatório e contas do exercício do ano passado.
“De relevar o desempenho do Hospital da Luz Lisboa que, em 2022, cumpriu o seu segundo ano completo de atividade após as obras de expansão, que aumentaram a sua capacidade assistencial face a 2019 em cerca de 80% (crescimento de 36,5% relativamente a 2019)”, faz notar a gestora. E sublinha que “uma sólida disciplina operacional e financeira determinou o crescimento de 26,9% do valor de EBITDA [resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] para 81,6 milhões de euros e um resultado líquido atribuído aos acionistas de 26,9 milhões de euros [mais 63,8%]”.
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