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Dona do BPI cria ‘stablecoin’ vinculada ao euro com oito outros bancos

Portugal tem 10 empresas de criptomoedas registadas
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Consórcio que junta nove bancos europeus pretende avançar com a primeira grande moeda digital vinculada ao euro

Um consórcio de nove bancos europeus, entre eles o Caixabank (dono do BPI), o ING e o Unicredit, vai criar uma stablecoin vinculada ao euro, um novo instrumento de pagamento digital que pretendem que seja um referente no sistema financeiro europeu. É a primeira resposta europeia ao avanço das empresas privadas norte-americanas, que dominam o mercado, com moedas indexadas ao dólar.

Em comunicado, o consórcio de bancos disse que esta criptomoeda aspira a consolidar-se como um referente de confiança no ecossistema financeiro europeu. Esta iniciativa junta os bancos CaixaBank, ING, Banca Sella, KBC, Danske Bank, DekaBank, UniCredit, SEB e Raiffeisen Bank International.

Deste projeto vai nascer uma nova empresa, com sede nos Países Baixos, que pedirá licença como instituição de dinheiro eletrónico e será supervisionada pelo banco central do país, ao abrigo da regulação europeia (MiCA), que entrou em vigor este ano.

Afonso Eça, administrador do banco BPI, tinha dito ao Expresso, em agosto, que os espaços dos pagamentos e investimentos são já “altamente competitivos” e que os bancos têm conseguido “absorver a inovação nas diversas áreas” e, por isso, se o mercado avançar nessa direção, “é natural que os bancos avaliem a disponibilização deste tipo de soluções para os seus clientes”. Disse na altura que o BPI não previa avançar, mas não descartava essa opção no futuro.

As stablecoins (na expressão em inglês) são ativos digitais que procuram manter um valor constante em relação a uma moeda fiduciária (como dólar norte-americano ou euro) ou a um ou vários ativos (como o ouro). São usadas em pagamentos digitais e transações internacionais, especialmente em mercados emergentes.

O anúncio desta criptomoeda por nove bancos europeus acontece poucas semanas depois do aviso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) para o risco de liquidez de fundos associados a criptomoedas estáveis.

No início de setembro, na abertura da conferência anual do Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS), Christine Lagarde disse que as entidades que detêm as stablecoins devem mitigar o risco de haver uma retirada massiva de fundos dos depositantes, garantindo que têm liquidez suficiente para cumprir rapidamente o reembolso das quantias.

A União Europeia (UE), através do BCE, vem trabalhando desde 2021 na criação de um euro digital, mas o processo corre devagar e precisa da aprovação dos Estados-membros e de um quadro regulatório. Nos Estados Unidos, a regulação promovida pela administração de Donald Trump entrou em vigor este ano, permitindo também que qualquer empresa financeira possa criar a sua própria moeda.

A Anchorage Digital, cofundada pelo empresário português Diogo Mónica, fechou um acordo com a Tether, empresa que tem a maior stablecoin do mundo, para emitir uma moeda digital regulada nos Estados Unidos, a USAT. O objetivo passa por lançá-la ainda este ano.

“Fechámos um acordo com a Tether e vamos criar uma joint-venture para emitir uma stablecoin nos Estados Unidos”, confirma Diogo Mónica, fundador e presidente da Anchorage Digital, ao Expresso, reforçando que “a Anchorage Digital é o único banco federado nos Estados Unidos que consegue cumprir o nível de regulação que o Genius Act exige, porque a lei diz que, a partir da emissão de 10 mil milhões de dólares, é obrigatório ter um banco regulado a nível federal”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: galmeida@expresso.impresa.pt

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