Comércio externo: a Ucrânia é o maior fornecedor de milho de Portugal
Em 2021, a economia lusa importou 296 milhões de euros e mais de metade deste valor é relativo a cereais, sublinha a Portugal Foods
Em 2021, a economia lusa importou 296 milhões de euros e mais de metade deste valor é relativo a cereais, sublinha a Portugal Foods
Os números não enganam, mas podem condicionar o olhar, como acontece com a Ucrânia, um mercado discreto, no 68º lugar na lista dos clientes de Portugal e no 35º enquanto fornecedor. São 35 milhões de euros no prato das exportações e 296,5 milhões no lado das importações, reveladores de um desequilíbrio na balança comercial explicado pelos cereais: “É que a Ucrânia é o maior fornecedor de milho de Portugal, à frente do Brasil”, sublinha Deolinda Silva, diretora-executiva da Portugal Foods.
Em causa está a alimentação animal. “A análise que fazemos das importações mostra que Portugal importa cereais, em especial milho, da Ucrânia, para rações animais”, acrescenta a responsável da associação do sector agroalimentar português, para explicar o facto de mais de metade das compras lusas a este país de leste (152 milhões de euros) serem relativas a cereais.
No top dos produtos que Portugal compra na Ucrânia estão também gorduras e óleos animais e vegetais (33 milhões de euros), com destaque para o óleo de girassol, assim como sementes e frutos oleaginosos (26 milhões de euros), segmento que tem como protagonistas o nabo e a colza, precisa Deolinda Silva, certa de que “continuamos a falar em matérias-primas para incorporação nas rações”.
A instabilidade que se vive na região cria “uma enorme pressão na importação destes produtos”, admite. No entanto, adianta que não estão em causa compras diretas, mas sim compras no mercado de futuros, em Chicago, “onde os grandes operadores fazem a gestão da origem dos produtos para evitar grandes quebras e podem ir alternando os principais fornecedores”.
“Estamos a falar de encomendas feitas a três ou seis meses pelo que o impacto não é imediato”, acrescenta, antes de admitir que a conjuntura atual “favorece a especulação” e, por coincidir com um período de escassez de matérias-primas, de seca, de aumentos de custos, “pode ser mais um factor a fazer subir os custos das rações e, consequentemente, da carne”.
Olhando para o mercado ucraniano à escala global, as estatísticas da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal mostram que os cinco principais clientes da Ucrânia em 2020 foram a China (14,5% do total), a Polónia (6,7%), a Rússia (5,5%), a Turquia (4,9%) e a Alemanha (4,2%), que juntos absorvem 35,8% do valor das suas exportações, no valor de 44 mil milhões de euros, em que os produtos agrícolas e alimentares aparecem em destaque, com 44% do total.
No que respeita às importações, os seus cinco principais fornecedores são a China (15,4%), Alemanha (9,9%), Rússia (8,5%), Polónia (7,6%) e EUA (5,5%), que assumem uma fatia de 46,9% das compras da Ucrânia (48 mil milhões de euros), de acordo com uma lista dominada por máquinas e aparelhos (21,5%), combustíveis minerais (13,8%), produtos químicos (13,6%), veículos e outro material de transporte (10,7%).
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