“O pior ficou para trás”, afirma Miguel Stilwell de Andrade, o CEO (presidente executivo) da EDP e EDP Renováveis, referindo-se às subidas nos custos que se verificaram ao longo da cadeia de valor no ano passado. As declarações foram feitas numa conferência com analistas, a propósito da apresentação de resultados do ano de 2021 da empresa de energias limpas, que mostraram lucros recorde.
No ano passado, no último trimestre, houve um momento de particular tensão em termos de aumento de custos, com destaque para o que diz respeito aos equipamentos de energia solar, que acusaram uma subida significativa no preço das matérias-primas. Foi um período “turbulento”, descreve o CEO. No entanto, agora há “mais estabilidade” e é muito “mais claro” o período de entregas e os custos com que se pode contar.
Abordando outro possível obstáculo, o da subida das taxas de juro, o gestor da EDP diz que não vê “nenhuma alteração na procura [por ativos de energia renovável] com base na inversão do ciclo das taxas de juro”, pois “há muitos investidores e com muito apetite”. Contudo, espera que os mesmos tenham em conta “qualquer que seja o custo da dívida” na altura de fazer negócio. “Temos de ver o que os bancos centrais vão fazer”, afere Miguel Stilwell de Andrade.
Considerando a estratégia de rotação de ativos bem sucedida – com a qual espera ultrapassar “confortavelmente” os 300 milhões de euros em ganhos este ano -, o CEO adianta ainda que não tem qualquer plano de recompra de ativos de momento. No que diz respeito aos projetos offshore, nomeadamente no âmbito da Ocean Winds (parceria com a Engie), o administrador financeiro da EDP Renováveis, Rui Teixeira, afirma que é possível que sejam vendidas participações, tanto após a construção como durante o desenvolvimento dos projetos.
Em relação aos contratos de compra de energia, os PPA na sigla em inglês, Stilwell afirma que vê um crescente interesse da parte das empresas europeias, que cada vez mais consideram contratos com prazos acima de cinco anos, reagindo desta forma à alta dos preços da eletricidade que se verificou no ano passado.
Também numa nota positiva, o CEO da EDP Renováveis revela que, ao nível da Comissão Europeia, estão a pensar-se formas de promover a agilidade nos processos burocráticos necessários para avançar com projetos de energias renováveis a nível local. “Portugal e Espanha já são bastantes bons nisso, mas algumas geografias não são tão agéis”, defende.
A EDP, maior acionista da EDP Renováveis, apresentará os seus resultados de 2021 esta quinta-feira, 17 de fevereiro, após o fecho da bolsa.
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