Caixa Geral de Depósitos sobe lucros em 19% para 583 milhões em 2021
CGD melhora resultados líquidos, e obtém rendibilidade de 7%. O rácio de crédito malparado desce para 2,8%
CGD melhora resultados líquidos, e obtém rendibilidade de 7%. O rácio de crédito malparado desce para 2,8%
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) melhorou os seus resultados em 2021, apresentando um crescimento de 18,7% dos lucros, que se fixaram em 583 milhões de euros, segundo divulgou o banco público esta sexta-feira, 11 de fevereiro. Foi em 2021 que a CGD se livrou das amarras de Bruxelas ao fechar a reestruturação obrigatória pela ajuda estatal recebida.
“Foi claramente um sucesso, quer em termos de Portugal, quer em termos europeus”, declarou em conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, referindo-se ao ano em que o banco público terminou o seu plano estratégico negociado em 2017 com a Comissão Europeia.
Aliás, esse foi também um foco de Maria João Carioca, administradora com o pelouro financeiro, que destacou a conclusão do plano de reestruturação. Deu-se, em 2021, a “conclusão com sucesso do nosso plano de reestruturação que cumpriu todos os requisitos exigidos e confirma o reconhecimento não apenas pelas autoridades mas também pelos investidores”.
O resultado anual fica em linha com os números que tinham sido avançados pelo “Jornal Económico” esta sexta-feira, que apontavam para um lucro superior a 550 milhões de euros. Continua aquém dos resultados de 2019, que se aproximaram dos 800 milhões de euros. O retorno sobre o capital (ROE) ficou em 7%.
O resultado positivo conta com uma melhoria homóloga que ronda os 91 milhões de euros, dos quais 30 milhões vêm da atividade internacional, em geografias como Moçambique e Angola. “A nossa atividade internacional ganha peso”, declarou Maria João Carioca.
“Os principais contributos para o resultado da atividade internacional em 2021 foram provenientes do BNU Macau (47,9 milhões de euros), do BCI Moçambique (34,9 milhões de euros), e do Banco Caixa Geral de Angola (22,6 milhões de euros)”, indica a CGD.
No seu todo, a operação internacional gerou 134 milhões (mais 44%), enquanto a atividade nacional contribuiu com 449 milhões de euros (mais 13%).
A margem financeira deslizou 4,3% em 2021, fixando-se em 1.006 milhões de euros, quando superava os 1.050 milhões em 2020. As comissões líquidas somaram 13% para 565 milhões, sobretudo pela comercialização de fundos e seguros. Na soma das várias rubricas, o produto bancário somou 7% para 1.773 milhões de euros, para o qual também contribuíram, além das comissões, os resultados em operações financeiras.
Os custos de estrutura da CGD afundaram 8,8% para 776 milhões de euros, sobretudo com uma quebra de 15% dos custos com pessoal. Aqui, a CGD menciona os custos regulamentares, com a subida de 2,1%, para cerca de 60,3 milhões de euros, dos encargos com o Fundo de Resolução e Fundo de Resolução europeu.
No ano passado, a rubrica de provisões e imparidades reduziu em 3,7% o seu peso em relação a 2020, totalizando 146 milhões de euros.
O crédito da CGD cresceu 3,4 % para 44,9 mil milhões, com destaque para o financiamento a particulares (habitação) com subidas de 3,7%.
Os recursos totais cresceram 13,3% totalizando os 111 mil milhões de euros, dos quais 86 mil milhões de euros de depósitos captados no negócio em Portugal. Do total dos recursos, 84,9 mil milhões de euros são recursos dentro do balanço (depósitos) e 21,4 mil milhões fora do balanço (cujo crescimento foi de 4,4%, sobretudo devido ao investimento em fundos de investimento mobiliário).
O rácio de crédito malparado deslizou novamente em 2021, fixando-se em 2,8% em 2021, face a 3,9% um ano antes.
O banco considera que houve um “impacto contido” do fim das moratórias que foram criadas por conta da pandemia. “Temos em negociação de 480 milhões de euros para reestruturação”, explicou Maria João Carioca: 330 milhões para famílias e 150 milhões para empresas.
A administradora financeira (CFO) do banco considera que não há motivos para grandes preocupações, apesar de 9,9% dos créditos que estiveram sob moratórias estarem em incumprimento, classificados no mais arriscado nível (stage 3). Isto porque a nível de toda a carteira, o stage 3 desceu e representa 4,1% dos créditos.
(Notícia atualizada às 17h22 com mais informações)
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