As atas da reunião de 15 e 16 de dezembro da Reserva Federal (Fed), o banco central norte-americano, confirmaram o que já se sabia, mas trouxeram, esta quarta-feira, uma novidade, a disposição generalizada de apertar toda a política monetária em 2022 ainda “mais cedo ou mesmo a um ritmo mais rápido” do que se antecipava. Por toda a política entende-se não só o fim do programa de aquisição de ativos e a subida da taxa diretora, mas, também, a própria redução do valor dos ativos, o que implicará mais do que a descontinuação das compras de dívida.
Recorde-se que, nessa última reunião do ano passado, foi decidido descontinuar o programa de compra de dívida até final de março e os participantes avançaram com projeções de três subidas da taxa diretora até perto de 1% ao longo de 2022. Atualmente está no mínimo entre 0% e 0,25%.
Pelas atas, soube-se, agora, que “alguns participantes” querem também “começar a reduzir a dimensão do balanço patrimonial da Reserva Federal logo após se começar a aumentar a taxa diretora”. Ou seja, com uma previsão de uma primeira mexida na taxa diretora já na reunião de março (a segunda do ano), é de esperar que a pressão para a redução do valor recorde de ativos da Fed comece ainda antes do verão.
O valor dos ativos da Fed atingiu no final de 2021 um recorde de 8,8 biliões de dólares (7,7 biliões de euros), depois de um segundo ano de pandemia em que o banco central comprou 1,6 biliões de dólares (1,4 biliões de euros) em títulos do Tesouro norte-americano.
A dimensão do balanço da Fed é equivalente a 41% do PIB dos EUA. E ainda vai subir no primeiro trimestre. Aqueles banqueiros centrais foram ainda mais longe: a redução dos ativos “pode ser potencialmente ainda mais rápida do que da última vez”. Recorde-se que, na última vez, o balanço foi emagrecido entre janeiro de 2018 e o verão de 2019. O valor dos ativos desceu de 4,4 biliões para 3,76 biliões de dólares, ao longo de 20 meses. Mas o processo de emagrecimento só começou dois anos depois da primeira subida da taxa diretora em dezembro de 2015. A redução do balanço só se iniciou depois de uma subida da taxa de 0,14% no início de dezembro de 2015 para 1,42% no final de 2017.
Os mercados reagiram à publicação das atas com uma subida do juro da dívida a 10 anos para 1,7% (fechou 2021 em 1,5%) no mercado secundário e com previsões de aumento da taxa diretora nas reuniões de março, junho e novembro. A próxima reunião da Reserva Federal realiza-se a 25 e 26 de janeiro e a seguinte só em março.
Texto: Jorge Nascimento Rodrigues
Foto: Getty Images
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