Economia

Testamento de Giorgio Armani revela plano de sucessão: venda da marca a gigante do luxo ou entrada em bolsa

Testamento de Giorgio Armani revela plano de sucessão: venda da marca a gigante do luxo ou entrada em bolsa
Stephane Cardinale - Corbis

O testamento de Giorgio Armani, falecido a 4 de setembro aos 91 anos, surpreendeu a indústria da moda ao ditar que os herdeiros devem vender gradualmente a casa fundada pelo designer ou optar por uma entrada em bolsa. A decisão rompe com a histórica recusa do criador em abrir o capital da empresa e coloca gigantes como LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica na linha da frente para uma possível aquisição

Testamento de Giorgio Armani revela plano de sucessão: venda da marca a gigante do luxo ou entrada em bolsa

João Miguel Salvador

Coordenador digital

O testamento de Giorgio Armani, falecido a 4 de setembro aos 91 anos, surpreendeu o mundo da moda. De acordo com as informações agora reveladas, foi determinado que os herdeiros devem vender, de forma gradual, a casa que o designer fundou há meio século, ou então avançar com uma cotação em bolsa. Trata-se de uma mudança face à estratégia adotada em vida pelo homem que centrou em si todas as decisões da Armani, tal como revelara recentemente ao “Financial Times”. Até à data, a opção recaiu sobre total independência face a outros grupos e uma forte ligação às raízes italianas.

Segundo o documento, a primeira tranche, equivalente a 15% do capital, deverá ser alienada no prazo de 18 meses. Posteriormente, entre três e cinco anos após a morte do criador, deverá ser transferida uma participação adicional de 30% a 54,9% para o mesmo comprador.

O testamento estabelece ainda que deverá ser dada prioridade a gigantes do setor como a LVMH, a L’Oréal ou a EssilorLuxottica, bem como a qualquer outro grupo “de igual relevância” identificado pela Fundação Giorgio Armani, desde que com o acordo do parceiro de vida e de negócios do designer, Pantaleo Dell’Orco. Em alternativa à venda da segunda tranche, os herdeiros poderão optar pela entrada em bolsa, em Itália ou noutro mercado de referência.

Armani não deixou descendentes diretos. O criador detinha a totalidade da empresa, fundada nos anos 70 em parceria com Sergio Galeotti, mantendo até ao fim um controlo apertado tanto a nível criativo como de gestão. O testamento prevê seis classes de ações com diferentes direitos de voto. A Fundação Giorgio Armani ficará com 30% dos direitos de voto e Dell’Orco com 40%, assegurando em conjunto 70% do controlo da empresa. A fundação deterá ainda 30,1% do capital em caso de entrada em bolsa.

O conselho de administração da fundação, presidido por Dell’Orco, contará com cinco membros, entre os quais Irving Bellotti (sócio do banco Rothschild) e Andrea Camerana, sobrinho do estilista, além de duas personalidades externas à família.

A eventual venda já despertou interesse. A EssilorLuxottica, que mantém parcerias comerciais com a Armani, admitiu considerar um negócio, sublinhando o “orgulho” pelo reconhecimento expresso no testamento. Ainda assim, analistas acreditam que a LVMH, conglomerado liderado por Bernard Arnault, poderá ser o candidato mais forte, dado o “encaixe estratégico” e a robustez financeira. O grupo francês, avaliado em 240 mil milhões de euros, teria capacidade para adquirir a Armani, cujo valor de mercado é estimado entre 5 e 7 mil milhões de euros.

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