A Venezuela cresceu em média 4% desde 2021 depois de um desastre económico sem precedentes. A China tornou-se o maior credor e os Estados Unidos foram o seu principal cliente em 2023. O FMI espera que a inflação desça para menos de 100% este ano. Há uma Bolsa em estado de euforia, mas o país tem mais de 50% da população na pobreza extrema, quase 8 milhões de emigrados e continua próximo da bancarrota na dívida externa
A Venezuela que foi às urnas no domingo passado pode ser descrita como “uma mistura de Dubai para uma minoria e um Haiti para a maioria”, como ironizava Omar Zambrano, economista-chefe e CEO da consultora Anova Policy Research, em Caracas.
O analista venezuelano não cunhou uma palavra composta como o académico Edmar Lisboa Bacha inventou para o Brasil em 1974 na fábula Belíndia, caracterizando a economia do seu país sob a ditadura militar como uma mistura de Bélgica para os ricos e Índia para os milhões de pobres. Mas a metáfora de Zambrano sintetiza uma economia que tem uma Bolsa em ebulição desde o início de 2022, a par de negócios do Estado e de grupos privados que aproveitaram a janela de oportunidade para as exportações aberta pela flexibilização das sanções por parte dos Estados Unidos, num país com mais de metade da população na pobreza extrema, uma quebra brutal da participação dos rendimentos do trabalho no PIB e uma fuga de quase 8 milhões de cidadãos.
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