Magnatas russos encaixam 11 mil milhões de dólares com economia de guerra
Magnatas russos receberam milhares de milhões de dólares em dividendos, à medida que as suas empresas retomavam ou aumentavam os lucros, escreve a Bloomberg
Pelo menos uma dúzia de magnatas russos receberam 11,3 mil milhões de dólares (10,4 mil milhões de euros ao câmbio atual) em dividendos ao longo de 2023 e no primeiro trimestre deste ano, avançou a Bloomberg esta terça-feira. Muitos têm ligações estreitas a Vladimir Putin e gerem empresas sancionadas na sequência da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Segundo a Bloomberg, o magnata Vagit Alekperov, antigo presidente da petrolífera Lukoil, encabeça a lista com cerca de 186 mil milhões de rublos em dividendos (1,95 mil milhões de euros). Foi sancionado pelo Reino Unido e pela Austrália. Alekperov é seguido por Alexey Mordashov, da siderúrgica Severstal, e Vladimir Lisin, da também siderúrgica Novolipetsk, com 1,55 mil milhões de euros e 1,27 mil milhões de euros em lucros, respetivamente. Mordashov foi sancionado pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, enquanto Lisin não está, de momento, sujeito a quaisquer sanções.
A lista também inclui Gennady Timchenko, um bilionário aliado de Putin, e Tatyana Litvinenko, que recebeu uma participação na empresa de fertilizantes PhosAgro, antes de o seu marido, Vladimir, ter sido sancionado pelos EUA em 2023. Vladimir Litvinenko, conhecido pelos seus laços académicos e políticos com Putin, foi diretor de campanha do presidente em São Petersburgo, escreve a Bloomberg.
Os EUA e os seus aliados impuseram sanções severas à Rússia em resposta à invasão de fevereiro de 2022, o que levou muitas empresas a suspender o pagamento de dividendos devido à incerteza quanto a um potencial colapso económico. Esses receios não se confirmaram, uma vez que a economia russa se ajustou gradualmente às novas condições e os exportadores encontraram mercados alternativos.
Depois de ter registado uma contração no ano que se seguiu ao início da guerra, a economia russa recuperou à medida que o governo fez grandes investimentos para expandir a indústria da defesa. O produto interno bruto cresceu 5,4% no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o período homólogo. Muitos exportadores de matérias-primas retomaram o pagamento de dividendos depois de terem reformulado os seus negócios e reorientado as vendas para os mercados da China, Índia e outros países do Sul Global que não aplicaram sanções.
Ainda assim, a economia russa poderá enfrentar problemas significativos na segunda metade do ano e em 2025, o que poderá levar o governo a aumentar os impostos. As empresas poderão enfrentar dificuldades crescentes em matéria de pagamentos, o que poderá levar à escassez de componentes industriais e de bens de consumo.
Um problema que os magnatas russos podem enfrentar é onde investir os seus dividendos, depois de as sanções terem obrigado muitos deles a voltarem-se para o mercado interno.
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