Há dois anos, com o Ocidente ainda a tentar organizar a resposta à invasão da Ucrânia, uma cidadã russa, com visto gold emitido pelo Estado português, começou a receber avultadas transferências para o BPI. Suspeitando da origem do dinheiro, vindo de um país alvo de sanções económicas, as autoridades mandaram bloquear temporariamente a conta e um cofre bancário que lhe estava associado, e, meses mais tarde, já com mandado na mão, dirigiram-se à agência bancária com ordem para arrombá-lo, se necessário fosse. Ao todo, encontraram €570 mil em dinheiro vivo, engavetado e fora do circuito legal.
A história relata uma investigação a suspeitas de lavagem de dinheiro com mecanismos de alerta a funcionar, mas expõe também como a análise minuciosa que os bancos estão obrigados a fazer sobre o dinheiro que troca de mãos no circuito financeiro contrasta com o buraco negro de informação sobre os cofres, que podem continuar a esconder todos os mistérios — os privados, mas também os ilegais.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt