Economia

Taxa de juro média cai nos depósitos para particulares e empresas e continua inferior à média dos países da área do euro

Taxa de juro média cai nos depósitos para particulares e empresas e continua inferior à média dos países da área do euro
IMAGO/Guido Schiefer

Taxas de juros médias nos depósitos e nos créditos descem em fevereiro. Nos depósitos a prazo a um ano são mais baixas nos particulares do que nas empresas. A maioria do novo contratos para crédito à habitação é contratado a taxa mista. Só o crédito ao consumo sobe, empréstimos à compra de casa e a empresas caem entre janeiro e fevereiro

Taxa de juro média cai nos depósitos para particulares e empresas e continua inferior à média dos países da área do euro

Isabel Vicente

Jornalista

A taxa de juro média dos depósitos até um ano para os particulares caiu pelo segundo mês consecutivo de 2,90% para 2,82% em fevereiro. Também a remuneração dos depósitos nas empresas também caiu de 3,43% em janeiro para 3,34% em fevereiro.

Os novos depósitos a prazo dos particulares ascenderam 7548 milhões de euros em fevereiro, o que representou uma descida de 2040 milhões em relação a janeiro, segundo dados do Banco de Portugal esta sexta-feira divulgados.

Não foi apenas a um ano que a taxa de juro caiu nos depósitos a prazo, sendo estes os depósitos melhor remunerados e com maior representação: 97% dos novos depósitos em fevereiro.

"Nos novos depósitos de 1 a 2 anos, a taxa de juro média diminuiu 0,26 pontos percentuais, de 2,65% para 2,39%, enquanto a remuneração média dos novos depósitos a mais de 2 anos decresceu de 2,12% para 2,06%", dá nota o Banco de Portugal.

Face às remunerações médias para o conjunto dos países da área do euro - que caiu de 3,20% para 3,17% em fevereiro - em Portugal a taxa média dos depósitos a prazo a 1 ano continua a ser inferior, situando-se nos 2,82%.

Mantém, porém, a posição face ao conjunto dos países, estando apenas seis países com remunerações médias mais baixas como sejam a Irlanda, Espanha, Croácia, Eslovénia, Chipre e Grécia. Estónia, Itália, França, Alemanha, são alguns dos países que remuneram os depósitos a um ano acima da média dos países da área do euro.

Nas empresas, a remuneração média dos novos depósitos a prazo de empresas passou de 3,42%, em janeiro, para 3,32% em fevereiro. "As novas operações de depósitos totalizaram 5403 milhões de euros em fevereiro, menos 2155 milhões do que no mês anterior".

Segundos os dados do Banco de Portugal, "os depósitos a prazo até 1 ano representaram, em fevereiro, 99,5% dos novos depósitos a prazo de empresas", à semelhança do que acontece com os particulares.

Só crédito ao consumo sobe

As novas operações de crédito a particulares ascenderam em fevereiro a 2495 milhões de euros, menos 107 milhões do que em janeiro. Estas novas operações incluem não só os novos contratos como os que foram renegociados, afirma o Banco de Portugal.

“O montante dos novos contratos de empréstimos a particulares aumentou 21 milhões de euros em fevereiro, fixando-se em 1809 milhões de euros”. Um aumento que se deveu à subida do crédito ao consumo (mais 34 milhões de euros, para 474 milhões de euros) e no segmento outros fins (mais 34 milhões de euros, para 197 milhões).

Já os “novos contratos de empréstimos à habitação diminuíram 47 milhões de euros, para 1137 milhões de euros”.

Também as “renegociações de crédito diminuíram 128 milhões de euros em relação a janeiro, totalizando 687 milhões de euros em fevereiro de 2024”, uma queda que se deveu essencialmente às renegociações de crédito à habitação (que, em fevereiro, diminuíram 116 milhões de euros relativamente a janeiro, para um total de 642 milhões de euros).

Taxas de juro também descem no crédito e taxas mistas lideram

A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação (novas e renegociados), passou de 4,05%, em janeiro, para 3,91% em fevereiro.

Por segmento, entre novas operações e contratos renegociados, a taxa de juro média dos novos contratos à habitação caiu 0,09 pontos percentuais, fixando-se em 3,72% em fevereiro. Já taxa de juro média dos contratos renegociados reduziu-se 0,20 pontos percentuais, para 4,23%.

Numa análise exclusiva sobre os novos empréstimos e o stock de empréstimos concedidos a particulares para habitação própria permanente, verifica-se que em fevereiro “os novos empréstimos à habitação foram maioritariamente contratados a taxa mista (isto é, com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável)”.

A opção taxa mista foi aplicada a 72% do total de novos empréstimos à habitação, refere o documento do Banco de Portugal.

“A prestação média mensal do stock de crédito à habitação foi de 426 euros, não se alterando relativamente a janeiro. Este foi o primeiro mês desde o início da série estatística, em dezembro de 2021, para o qual não se observou um aumento da prestação média mensal”.

Já no que diz respeito às amortizações antecipadas de crédito à habitação representaram 0,91% do stock de empréstimos em fevereiro, menos 0,37 pontos percentuais do que no mês anterior, tendo estas vindo a cair nos últimos meses.

“Este é o valor mais baixo desde julho de 2023. As amortizações antecipadas totais (que incluem os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, as consolidações de crédito em novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição) representaram 88% das amortizações antecipadas em fevereiro”.

Nas empresas crédito diminui

No que diz respeito às empresas, “o montante de novas operações de empréstimos concedidos às empresas foi de 1481 milhões de euros, o que representou uma queda de 441 milhões de euros relativamente ao mês anterior” diz o Banco de Portugal.

Para esta redução contou sobretudo o “decréscimo dos montantes renegociados (-375 milhões de euros em relação a janeiro, para um total de 117 milhões de euros). Os novos contratos reduziram-se 65 milhões de euros comparativamente a janeiro, para um total de 1364 milhões de euros”.

Até 1 milhão, as novas operações de crédito ascenderam a 910 milhões de euros em fevereiro, menos 7 milhões do que em janeiro. Também, “as novas operações de empréstimos acima de 1 milhão de euros diminuíram 433 milhões de euros, para 572 milhões de euros”.

O Banco de Portugal sublinha que “a taxa de juro média das novas operações de empréstimos às empresas desceu 0,06 pontos percentuais (de 5,67%, em janeiro, para 5,61%, em fevereiro)”. Uma descida que se justifica “pela queda registada nos empréstimos acima de 1 milhão de euros (-0,24 pp, com a taxa de juro média a fixar-se em 5,25%)”.

Também nos empréstimos até 1 milhão de euros, a taxa de juro média também diminuiu, para 5,83%.

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