Economia

Inflação na zona euro abranda para 2,6% em fevereiro, com Portugal entre os sete países abaixo da média

Inflação na zona euro abranda para 2,6% em fevereiro, com Portugal entre os sete países abaixo da média
Natalia Sergeeva/Getty

A inflação em fevereiro na zona euro abrandou para 2,6%, segundo a primeira estimativa, publicada pelo Eurostat esta sexta-feira. No entanto, 13 economias nos 20 países do euro ainda registam variações nos preços acima da média. Em Portugal, a inflação caiu para 2,3%.

O processo de desinflação (descida do ritmo de subida dos preços no consumidor) mantém-se na zona euro. A inflação registada em fevereiro abrandou para 2,6%, segundo a estimativa avançada esta sexta-feira pelo Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia. Em dezembro passado tinha subido para 2,9%, o que surpreendeu pela negativa, e em janeiro desceu ligeiramente para 2,8%. Esta estimativa rápida ficou, no entanto, uma décima acima da previsão dos analistas que apontavam para 2,5% em fevereiro.

A desaceleração registou-se, também, na inflação subjacente (de onde se excluem os componentes mais voláteis no índice de preços), de 3,3% em janeiro para 3,1% em fevereiro. Mas este nível mantém-se elevado e acima das previsões dos analistas (que esperavam 2,9%), sendo uma das medidas de inflação que o Banco Central Europeu (BCE) segue com particular atenção para observar se o processo desinflacionista é sólido. Se bem que em trajetória descendente, a inflação nos produtos alimentares processados, álcool e tabaco está ainda em 4,5% e a variação nos serviços em 3,9%.

Apesar do abrandamento no conjunto da zona euro, 13 economias nos 20 países do euro ainda registam taxas de inflação acima da média da zona euro, entre elas economias importantes, como a Alemanha, Espanha, França e Países Baixos. Três economias registam níveis de inflação acima de 4%: Áustria, Croácia e Estónia.

Apesar do abrandamento no conjunto da zona euro, 13 economias nos 20 países do euro ainda registam taxas de inflação acima da média da zona euro

Portugal situa-se entre as sete economias com a inflação abaixo da média. Segundo a estimativa avançada pelo Eurostat, a taxa desceu para 2,3% em fevereiro, se medida segundo o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor. A estimativa do Instituto Nacional de Estatística, seguindo uma metodologia diferente do Eurostat, avançou esta semana com uma descida da inflação para 2,1%

Refira-se que o abrandamento da inflação ocorreu quando medido em termos homólogos, ou seja, em relação ao mesmo mês do ano passado. Em termos de evolução de um mês para o seguinte, ou seja de janeiro para fevereiro, o que os economistas designam por inflação em cadeia, os preços no consumidor cresceram 0,6% no conjunto do índice, com a energia a destacar-se (1,5%), os serviços (0,8%) e a inflação subjacente (0,7%). A destoar, os produtos alimentares não processados, cujos preços caíram 1%.

Com a inflação a abrandar, já se admite discutir corte nos juros

Com a taxa de inflação a abrandar há três meses consecutivos, o ‘clima’ dentro do conselho do BCE parece inclinar-se para uma abertura para que o tema do corte nos juros comece a ser discutido, retirando o tabu lançado por Christine Lagarde, a presidente do BCE, que tem reafirmado que falar do assunto seria prematuro. Fabio Panetta, atual governador do Banco de Itália, e que foi um dos membros da comissão executiva do BCE até novembro do ano passado, afirmou que o processo de desinflação “excedeu as previsões”.

A plataforma Econostream dá conta que um ‘falcão’ (adepto de uma política monetária mais restritiva), o governador do banco central da Lituânia, Gediminas Šimkus, admitiu, recentemente, que não via “inconveniente” em começar a discutir-se o tema já na próxima reunião a 7 de março, sem que isso obrigasse à tomada de uma decisão. O que vai ao encontro de declarações recentes de Mário Centeno, o governador do Banco de Portugal, que é considerado pelo barómetro do banco alemão Commerzbank como a ‘super-pomba’ atual no conselho do BCE.

Na reunião da próxima semana, o conselho do BCE discutirá novas projeções macroeconómicas preparadas pelos economistas da instituição e a sua ‘leitura’ pelo economista-chefe Philip Lane, membro da comissão executiva.

Segundo o último inquérito realizado pela Reuters, 63% dos respondentes apontavam para uma primeira descida dos juros pelo BCE em junho. No inquérito desta semana feito pela Bloomberg, a maioria espera três cortes nos juros ainda em 2024 e outros quatro em 2025.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate