Economia

Ganhos nas bolsas sobem 4,1% em fevereiro, liderados por reviravolta na China

Ganhos nas bolsas sobem 4,1% em fevereiro, liderados por reviravolta na China
BRENDAN MCDERMID/Reuters

Os mercados de ações animaram-se em fevereiro. O índice mundial subiu 4,5%, depois de um fraco desempenho em janeiro. A surpresa foi a reviravolta nas bolsas chinesas, com o índice global a subir quase 8%. O PSI em Lisboa perdeu 2,6%, em contraste com ganhos de 1,4% no índice europeu. Criptomoedas registam euforia

As bolsas de ações animaram-se no segundo mês do novo ano. O índice mundial MSCI registou um ganho de 4,5% em fevereiro, depois de, em janeiro, ter andado perto da estagnação. A puxar pelo bom desempenho estiveram as bolsas chinesas, que, depois de uma crise de mais de três anos, registaram em fevereiro uma subida de 7,8%. A bolsa das tecnológicas de Shenzhen viu o índice local disparar 13,6%, liderando as subidas à escala mundial nas principais praças.

Em Lisboa, o índice PSI registou perdas de 2,6% em fevereiro, em contraste com o índice MSCI para as economias desenvolvidas da Europa que subiu 1,4%.

As bolsas nas regiões de guerra, ou na vizinhança dos dois conflitos que marcam a atualidade, as invasões da Ucrânia e de Gaza, tiveram em fevereiro um desempenho positivo, com o Egito e a Arábia Saudita a destacarem-se nos ganhos. A bolsa israelita ganhou 6,4% e os índices russos ficaram acima da linha de água.

Criptoeuforia em fevereiro

O euro desvalorizou-se ligeiramente face ao dólar, tendo fechado fevereiro com um câmbio de um euro valendo 1,0806 dólares. No final de janeiro, o câmbio situava-se em 1,0816.

O mercado das criptomoedas valorizou-se em fevereiro 38%, fechando com uma capitalização total de cerca de 2,3 biliões de dólares (€2,1 biliões de euros). Os analistas chamam a atenção que o ‘índice de ganância’ (Crypto Fear & Greed Index) neste mercado está em níveis extremos, saltou 46% em fevereiro.

A capitalização da bitcoin, a criptomoeda mais antiga e que vale 53% do mercado, disparou 41% em fevereiro, um recorde histórico mensal desde a sua criação em 2009. Esta criptomoeda chegou a valer 63,9 mil dólares (€59 mil euros) durante a sessão de 28 de fevereiro. O valor da bitcoin esteve acima de 63 mil dólares em vários períodos das sessões de 28 e 29 de fevereiro e fechou o mês em 61,2 mil dólares. O máximo no valor da bitcoin foi registado durante novembro de 2021 tendo chegado a um máximo de 68991 dólares.

O ‘índice de ganância’ no mercado de criptomoedas está em níveis extremos, saltou 46% em fevereiro.

O mês de fevereiro terminou sem que as tensões geopolíticas tenham abrandado. Sintoma da fragmentação geopolítica, criada pela invasão russa da Ucrânia e pela guerra entre Israel e o Hamas, a última cimeira de ministros das Finanças e banqueiros centrais do G20 em São Paulo terminou o mês sem conseguir aprovar uma declaração conjunta.

Bolsas chinesas puxam pelos mercados

O índice mundial MSCI subiu 4,1%, mas os desempenhos nos índices ‘regionais’ foram muito diversos. A maior subida registou-se nas bolsas chinesas, com o índice MSCI respetivo a avançar 7,8%, seguido do índice para as bolsas de Nova Iorque (índice MSCI USA) que subiu 5,2%.

Na China assistiu-se em fevereiro a uma verdadeira reviravolta. Depois de uma quebra de 11% em janeiro, as bolsas chinesas reagiram. A bolsa de Shenzhen, no sul, quase recuperou totalmente do tombo de janeiro e a de Xangai (a maior da Ásia) já regista ganhos positivos desde início do ano.

Entre as 7 magníficas chinesas - as principais multinacionais tecnológicas cotadas na bolsa de Hong Kong -, registou-se uma recuperação significativa em fevereiro na Meituan, Alibaba e Lenovo e ganhos na Xiaomi e JD. Apenas a Baidu e a Tencent continuaram no vermelho em fevereiro.

Os analistas atribuem a reanimação à atuação do Banco Popular da China e do governo central em Pequim no final de janeiro. O rácio de reservas obrigatórias para o sector bancário desceu meio ponto percentual, o que terá libertado 1 bilião de yuan (cerca de €130 mil milhões), e a Bloomberg anunciou que o governo estava a preparar um pacote de resgate das bolsas na ordem de 2,3 biliões de yuan (mais de 420 mil milhões de euros, o equivalente ao PIB da Malásia ou do Vietname). A 20 de fevereiro, ainda que o Banco Central não tenha mexido na taxa diretora, que se manteve em 3,45% (mais baixa do que a do Banco Central Europeu e da Reserva Federal norte-americana), cortou um quarto de ponto percentual na taxa a 5 anos que é importante para as hipotecas imobiliárias e para os empréstimo de longo prazo.

Em Nova Iorque, o índice S&P 500 de Wall Street subiu 5,2% e o Nasdaq (das tecnológicas) ganhou 6,1%. Os investidores antecipam que a Reserva Federal iniciará um ciclo de corte nos juros em junho e os analistas apontam para ganhos por ação nas cotadas do S&P na ordem de 3,9% no primeiro semestre do ano. No Nasdaq, com exceção da Alphabet (Google) e da Apple, que registaram perdas em fevereiro, o resto das batizadas ‘7 Magníficas’ norte-americanas teve um bom desempenho, com destaque para a Nvidia, considerada uma ‘estrela’ na Inteligência Artificial, cuja cotação subiu mais de 20%. Registando ganhos estiveram, também, a Amazon, Meta (Facebook), Microsoft e Tesla (que, em janeiro, se tinha afundado 25%).

Na Europa, em fevereiro, Milão liderou os ganhos enquanto a bolsa de Viena registou as maiores perdas. Na zona euro, o índice PSI de Lisboa caiu 2,6% registando a segunda pior queda no espaço dos 20 da moeda única.

Em janeiro, as atenções tinham-se virado para os ganhos muito elevados das bolsas de Buenos Aires e de Lagos. O índice Merval argentino tinha registado uma subida de quase 36%, alimentado pelo início do mandato presidencial doultraliberal Javier Milei desde 10 de dezembro, e o índice NSE nigeriano ficou próximo com um disparo de 35%. Em fevereiro, ambas as praças afundaram-se: o Meval caiu quase 20% e o NSE perdeu 1,1%.

Nas regiões afetadas pelas guerras, as bolsas fazem dinheiro

O Egito continua a liderar os ganhos bolsistas nas zonas que estão afetadas pelas duas guerras de impacto geopolítico atual. Apesar da perda de 40% nas receitas no Canal do Suez, em virtude da crise no Mar Vermelho, o índice EGX 70 voltou a subir, pelo segundo mês consecutivo, 15%.

Na Arábia Saudita, que tem uma bolsa que é a 10º maior do mundo, com uma capitalização superior a 3 biliões de dólares (€2,8 biliões), o índice Tadawul subiu 8,7%. A própria bolsa israelita registou um ganho de 6,4%.

Em fevereiro, em Moscovo, que já entrou no terceiro ano de invasão da Ucrânia, o índice bolsista em dólares (RTSI) ficou ligeiramente acima da linha de água e o índice em rublos (MOEX) ganhou 1,3%. A bolsa chegou a suspender as negociações temporariamente durante a sessão de 13 de fevereiro sem avançar as razões. A puxar pela bolsa os sectores da energia (petróleos e gás) e da construção.

Duas economias vizinhas das zonas de conflito estão a ser encaradas como plataformas de comércio internacional relevantes para a triangulação com a Rússia, permitindo ao Kremlin contornar as sanções impostas pelo G7 e pela Comissão Europeia. A bolsa de Istambul registou em fevereiro uma subida de 8,2% do índice turco Bist 100 e a praça do Dubai teve ganhos mais modestos, mas mesmo assim de 3,3% no índice geral da bolsa dos Emirados Árabes Unidos.

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