O Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira, na última reunião de política monetária do ano, manter inalteradas as taxas diretoras, reafirmando a pausa na subida dos juros decidida em outubro.
As taxas diretoras mantém-se em 4,5% para o refinanciamento e em 4% para a remuneração na facilidade de depósito. Os depósitos do sector bancário no BCE e nos bancos centrais nacionais somavam 3,57 biliões de euros a 8 de dezembro, segundo os dados mais recentes publicados pelo BCE. Esses depósitos aumentaram 33,5 mil milhões de euros desde a reunião de outubro.
“O Conselho do Banco Central Europeu decidiu hoje manter as três taxas de juro diretoras do BCE inalteradas. Embora a inflação tenha descido nos últimos meses, é provável que volte a subir temporariamente no curto prazo”, lê-se no comunicado, que continua a manter tabu sobre futuro ciclo de cortes nos juros. O BCE mantém, contudo, prudência sobre a evolução da inflação, referindo que “as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, devido sobretudo ao forte crescimento dos custos unitários do trabalho”.
A estratégia do BCE mantém-se, por isso, inalterada: “Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras do BCE estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial para esse fim. As futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas diretoras serão fixadas em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário”.
Os efeitos do aperto monetário (450 pontos-base desde julho de 2022) sobre a economia são visíveis na revisão em baixa que os economistas do BCE fizeram nas novas previsões, apresentadas esta quinta-feira, para o crescimento na zona euro que ficará por 0,6% em 2023 e avançará para apenas 0,8% em 2024. A Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional projetam 1,2% no próximo ano.
O conselho decidiu manter a política de revestimento no âmbito do programa PEPP (programa de emergência lançado em 2020 para enfrentar os efeitos da pandemia) até final do próximo ano, mas adianta que, “no segundo semestre do ano [de 2024], tenciona reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês”. Só no primeiro semestre do próximo ano vai continuar a reinvestir na totalidade os títulos que tem em carteira ao abrigo do PEPP e que vão vencendo.
Maioria dos bancos centrais não mexe
A tendência de reafirmar uma pausa no ciclo de subida dos juros pelos bancos centrais manteve-se na primeira quinzena de dezembro.
Nas vinte reuniões de política monetária realizadas, quatorze bancos centrais optaram por não mexer nos juros, com destaque para o Banco da Reserva da Austrália, o Banco do Canadá, a Reserva Federal norte-americana (Fed),o Banco Nacional da Suíça, o Banco de Inglaterra e o BCE.
Recorde-se que a Fed, na quarta-feira, admitiu que a discussão dos cortes de juros passou a estar na agenda. A mediana das projeções dos seus membros aponta para três cortes de juros em 2014 com a taxa diretora a cair para 4,6% no final do próximo ano.
No caso do Banco de Inglaterra, que também se reuniu esta quinta-feira, a decisão de manter os juros foi tomada por uma maioria de seis votos contra três que pretendiam uma subida de juros de 25 pontos-base. Os banqueiros da libra anteciparam que não vão mexer na atual taxa diretora em 5,25% até ao terceiro trimestre do próximo ano.
Três bancos centrais decidiram-se por cortar nos juros, nomeadamente o Banco do Brasil, e outros três subiram as taxas, com destaque para o Banco da Noruega, que, no entanto, decidiu anunciar que manteria a taxa atual até ao outono de 2024.
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