Economia

Economia da zona euro estagnou no terceiro trimestre, segundo o Eurostat

Economia da zona euro estagnou no terceiro trimestre, segundo o Eurostat
GEORGES GOBET/Getty Images

O Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia, avançou esta quinta-feira que a economia do euro ficou estagnada no terceiro trimestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado. Esta segunda estimativa corrigiu em baixa um crescimento de 0,1%, avançado na estimativa rápida anterior. Em relação ao segundo trimestre deste ano confirma-se que entrou em trajetória recessiva

A economia do euro escapou a entrar em terreno recessivo entre julho e setembro deste ano, mas estagnou, segundo a nova estimativa avançada esta quinta-feira pelo Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia.

O Eurostat corrigiu em baixa a primeira estimativa rápida que publicou a 14 de novembro e que apontava para um crescimento muito ligeiro de 0,1%.

A estagnação no terceiro trimestre de 2023 registou-se em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o que se designa, tecnicamente, por variação homóloga.

A situação mais grave na zona euro regista-se na Irlanda, com uma queda de 5,6% e com uma dinâmica recessiva há dois trimestres consecutivos. Alemanha (-0,4%), Áustria (-1,6%), Estónia (-4%), Finlândia (-1,2%) e Países Baixos (-0,5%) registaram quebras do PIB entre julho e setembro deste ano. De assinalar que, nesta segunda estimativa, o Eurostat agravou significativamente as estimativas de queda para Estónia, Finlândia e Irlanda.

Recorde-se que Portugal se situou entre as economias do euro com crescimento homólogo positivo no terceiro trimestre. O Eurostat confirmou o crescimento de 1,9% para a economia portuguesa, muito inferior ao de Malta (7,1%), e abaixo da Croácia (3%), Chipre (2,2%) e Grécia (2,1%), mas acima de Espanha (1,8%), Eslovénia (1,6%), Bélgica (1,4%), Eslováquia (1,1%) e França (0,6%).

Em relação ao trimestre anterior, o Eurostat confirmou que a dinâmica em cadeia foi recessiva - a economia dos 20 da moeda única recuou 0,1%. Dez economias do euro registaram quebras do PIB em cadeia, incluindo Portugal, com um recuo de 0,2%. As situações mais graves ocorreram na Áustria, Estónia, Finlândia e Irlanda, que já estão há dois ou mais trimestres em queda em cadeia. Considera-se que dois recuos trimestrais em cadeia consecutivos significam que a economia do país está em recessão técnica. A situação da Irlanda, considerada o ‘tigre Celta’ da zona euro, é particularmente preocupante. Há doze meses consecutivos que a economia cai em cadeia.

Entre as grandes economias do mundo, o crescimento homólogo da zona euro no terceiro trimestre foi o mais baixo, com exceção do Japão, da África do Sul e da Arábia Saudita, que registaram quedas do PIB. O trambolhão na economia nipónica foi assinalável: de um crescimento de 3,6% entre abril e junho afundou-se 2,9% entre julho e setembro. Em termos comparativos, os Estados Unidos cresceram 3%, a Austrália 2,1%, o Reino Unido 0,6%, o Canadá 0,5% e a Suíça 0,3%. Nas economias emergentes, a Índia cresceu 7,6% (registando a dinâmica mais forte) e a China 4,9%.

O Banco Central Europeu (BCE) reúne o seu conselho na próxima quinta-feira para decidir sobre política monetária, depois de ter optado por uma pausa na subida dos juros na reunião anterior em outubro. Nesta última reunião do ano, o BCE dispõe dos dados mais recentes da conjuntura da zona euro, com um crescimento estagnado (e com uma dinâmica em cadeia negativa) no terceiro trimestre, mas uma taxa de inflação em clara desaceleração, tendo descido para 2,4% em novembro. O conselho analisará as novas projeções anuais macroeconómicas que vão ser apresentadas por Philip Lane, o economista-chefe do BCE.

Com duas das mais importantes economias do euro - Alemanha e Países Baixos - registando quebras do PIB em termos homólogos e em cadeia, a situação no núcleo duro do euro é preocupante. Itália cresceu apenas 0,1% e a França 0,6%. Recorde-se que o principal cliente de Portugal é Espanha e que a França e a Alemanha são respetivamente o segundo e o terceiro destinos das exportações.

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