A Comissão Europeia (CE) está mais pessimista sobre o crescimento da economia portuguesa tanto para este ano, como, sobretudo, para 2024.
As projeções económicas do outono, divulgadas esta quarta-feira, apontam para um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) português este ano de 2,2%, valor que compara com a anterior previsão - datada de maio - de 2,4%. A revisão em baixa é mais marcada no que toca a 2024, com Bruxelas a apontar para um avanço de 1,3%, quando em maio apontava para 1,8%. Depois, para 2025, a CE espera uma ligeira aceleração, para 1,8%.
O cenário de Bruxelas para o crescimento da economia portuguesa este ano fica, assim, alinhado com o inscrito pelo Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2024. Já no que toca ao próximo ano, a CE está mais pessimista do que o Ministério das Finanças, que antecipa um avanço do PIB de 1,5%.
Caso se confirme o cenário traçado por Bruxelas - que não faz referência à crise política em Portugal - a economia nacional deverá crescer este ano bem acima da média dos seus parceiros europeus. Isto porque a CE antecipa uma quase estagnação tanto da zona euro, como do conjunto da União Europeia (UE), esperando que o PIB avance apenas 0,6% em ambos os casos.
Mais ainda, sete dos 20 países do espaço da moeda única - e dez dos 27 Estados da UE - deverão sofrer uma contração do PIB em 2023, sendo um deles a Alemanha.
Já no que toca a 2024, Portugal fica apenas ligeiramente acima da média da zona euro (1,2%) e alinhado com o conjunto dos 27 (1,3%). No próximo ano, a CE antecipa que nenhum país da zona euro sofra uma contração anual do PIB, e apenas um da UE (Suécia).
Quanto à inflação, Bruxelas espera que continue a recuar, tanto em Portugal, como na zona euro e na UE. Ainda assim, a média anual em 2023 ainda deverá ficar nos 5,5% em 2023 em Portugal, ligeiramente abaixo dos 5,6% da zona euro.
Um valor que deve recuar para uma média anual de 3,2% em 2024, tanto em Portugal, como na zona euro. Já em 2025, Bruxelas espera uma taxa de inflação média em Portugal de 2,4%, valor ligeiramente acima dos 2,2% da zona euro.
Dívida abaixo dos 100% do PIB só em 2025
Quanto à esfera orçamental, Bruxelas alinha com o Governo na previsão do saldo orçamental para este ano, esperando um superavit de 0,8% do PIB. Um valor que compara, segundo a previsão de Bruxelas, com um défice de 3,2% na zona euro.
Quanto a 2024, a CE aponta para a manutenção de um excedente, embora mais modesto, de 0,1% do PIB. Um valor ligeiramente abaixo do superavit de 0,2% antecipado pelo Governo. Isto quando Bruxelas espera um défice de 2,8% na zona euro.
Com a regras orçamentais europeias ainda suspensas - e em reformulação - estes números confirmam o ministro das Finanças, Fernando Medina, como um dos ‘melhores alunos’ da moeda única no que toca às finanças públicas. Este ano só mais dois países do euro (Irlanda e Chipre), além de Portugal, deverão ter um excedente orçamental. E o cenário repete-se em 2024.
Quanto ao rácio da dívida pública, a CE aponta para uma descida para 103,4% do PIB este ano. Um valor quase em linha com os 103% que o Governo inscreveu no orçamento, mas que Fernando Medina já disse que será inferior.
Contudo, Bruxelas espera que ainda esteja acima dos 100% no próximo ano (100,3%), quando o Ministério das Finanças aponta para um valor já abaixo dessa fasquia (98,9%). A CE vê o rácio da dívida pública portuguesa abaixo dos 100% do PIB só em 2025.