Mutares faz remodelação temporária na Efacec, onde o Estado é quem mais dinheiro injeta
rui duarte silva
O novo dono da Efacec mexeu na composição do conselho de administração da empresa, assim que assinou a compra da empresa no dia 31 de outubro, mantendo parte da comissão executiva incluindo o presidente executivo Ângelo Ramalho
O novo dono da Efacec, o fundo alemão Mutares avançou no dia 2 de novembro - depois de assinar a 31 de outubro a compra ao Estado da empresa com sede no concelho de Matosinhos, - com mudanças na administração, mantendo quatro dos seus administradores, incluindo o presidente executivo Ângelo Ramalho.
Trata-se de uma remodelação temporária, já que a recondução dos cargos vale para o ano de 2023, como se constata pela informação disponibilizada no Portal de Justiça.
Os novos órgãos sociais são nomeados para o mandato de 2023, sendo que quatro deles já estavam na gestão da Efacec.
À frente do grupo como presidente do conselho de administração não executivo está Christian Klingler, diretor geral da Mutares, que ocupa o cargo deixado pelo presidente da Parpública, representante do Estado, Jaime Andrez.
Ângelo Ramalho permanecerá à frente com funções executivas, assim como mais três administradores reconduzidos no cargo, a saber: Michael Barroso da Silva; Nuno Filipe Gonçalves da Silva e Fernando José Rabaça Vaz.
O revisor oficial de contas passou a ser a sociedade Mazars & Associados.
O administrador financeiro, Manuel Alberto Fontes Pereira, não foi reconduzido no cargo mas mantém-se na empresa no conselho fiscal, sendo a presidência do conselho fiscal assumida pela empresa Carlos Rodrigues & Associado, contado ainda com outro vogal Eduard Wolf Cornelius.
Conferencia de imprensa sobre conclusão do processo de venda da EFACEC, com as presenças do Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e do Secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes.
Estado é quem mais perde e quem mais dinheiro injeta
A venda da Efacec esteve sempre envolta em secretismos mas quarta-feira passada ficou a saber-se que O Estado vai injectar mais 160 milhões de euros, além dos mais de 200 milhões que tinham injetado. O Banco de Fomento vai subscrever 35 milhões de euros em obrigações convertíveis em capital, emitidas pela Efacec.
E em comunicado, depois da conferência que juntou o ministro da Economia, António Costa Silva e o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes na última quarta-feira veio comunicar “a contratação de uma operação do Programa de Recapitalização Estratégica do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), para investimento na Efacec Power Solutions, em coinvestimento com a sociedade de Private Equity Mutares”.
Confirmando ainda que "prevê um investimento do FdCR na Efacec, no valor de 35 milhões de euros, com um instrumento de quase capital (obrigações convertíveis em ações) a 8 anos, a par de um investimento de capital da Mutares no valor de 15 milhões de euros.”
Contabilizando os 360 milhões de dinheiro colocado e a colocar pelo Estado e os 35 milhões de euros que vem do Fundo de Capitalização Resiliência, o montante ascende a 395 milhões de euros.
A Mutares, além dos 15 milhões de euros avançará também com um empréstimo a 5 anos de 60 milhões de euros.
A banca, além de terem perdoado 29 milhões de euros também vão fazer parte do futuro através de um empréstimo de 94 milhões de euros a longo prazo. E não menos importante foi também o perdão de um conjunto de obrigacionistas institucionais de 10% dos 58 milhões de euros de dívida emitida pela Efacec.
Da direita à esquerda os partidos criticam esta venda reclamando mais explicações aos governantes, nomeadamente ao ministro da Economia que deu a cara pela venda ao fundo alemão Mutares.