Economia

“Chamam-me doido por fazer tanta coisa no interior”. Vila Galé inaugurou hotel em Tomar, enquanto prepara aberturas em Espanha e Cuba

O hotel Vila Galé Collection Tomar resultou da reabilitação do antigo Convento de Santa Iria e do ex-Colégio Feminino
O hotel Vila Galé Collection Tomar resultou da reabilitação do antigo Convento de Santa Iria e do ex-Colégio Feminino
VG

Investimento no hotel em Tomar ultrapassou €15 milhões, recuperando edifícios históricos que estavam “em ruínas", e estando o grupo a avançar com mais projetos em Ponte de Lima, Elvas, Figueira da Foz ou Miranda do Douro, a par da expansão fora de Portugal

É o quarto hotel inaugurado este ano pelo grupo Vila Galé, que assume ter “mais meia dúzia de projetos em mãos”, dentro ou fora de Portugal. Após abrir dois hotéis no Alentejo e um nos Açores, o grupo português celebrou oficialmente este sábado o início da operação do Vila Galé Collection Tomar, que resultou da reabilitação de dois edifícios históricos da cidade dos Templários (o antigo Convento de Santa Iria e o ex-Colégio Feminino), num investimento inicialmente calculado em €11 milhões, mas que acabou por ultrapassar €15 milhões.

“Foi uma obra sofrida, como todas as recuperações de prédios antigos, tivemos de fazer aqui muitas escavações, e isto não era um prédio, eram cacos”, salientou Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé. “Mas dá um prazer imenso desenvolver projetos no interior, é uma das nossas prioridades, temos neste país um interior fabuloso, e a precisar tanto de investimento”.

“Obrigado por este investimento, por esta coragem”, realçou o presidente da câmara de Tomar, Hugo Cristóvão. O que eram ruínas, e uma fonte de despesa para o município, passou a ser um património recuperado, e a melhor solução foi devolvê-lo a privados".

O secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, fez questão de “saudar este investimento em prol do turismo nacional”, no interior, e que “não é apenas um hotel que vende quartos, é um contributo para a coesão territórial e mobilizador da economia local”.

Com 100 quartos, e empregando 50 pessoas, o hotel Vila Galé em Tomar (que abriu de forma faseada a 1 de julho, para a Festa dos Tabuleiros) propõe-se atrair, em particular, turistas do Brasil ou dos EUA "que estão a voltar em grande força, e gostam deste tipo de produto", nota Jorge Rebelo de Almeida.

O presidente da Vila Galé adianta ter “mais investimentos previstos para esta região”, detalhando estar a analisar avançar com um projeto turístico na Quinta da Cardiga, na Golegã, “uma quinta templária, que está em muito mau estado”, e a pedido de um amigo seu que é proprietário, António Mello.

"É sofrido, mas dá um prazer imenso desenvolver o interior", garante Jorge Rebelo de Ameida, presidente da Vila Galé
Ana Baião

“Vamos fazer mais um pacote de hotéis no interior, ainda este ano”, garantiu Jorge Rebelo de Almeida, na cerimónia de inauguração do novo hotel em Tomar.

No final do mês, a Vila Galé vai começar as obras do projeto Casas de Elvas, envolvendo a recuperação de um conjunto de mais de quatro dezenas de casas de uma antiga fábrica de ameixa, no centro da cidade alentejana (onde o grupo já tem um hotel, que resultou da reabilitação de um edifício de valor patrimonial no âmbito do projeto Revive).

Também em outubro, o grupo planeia iniciar as obras do Paço do Curutêlo, em Ponte de Lima, para um projeto hoteleiro recuperando um edifício que é “até anterior à nacionalidade portuguesa”, refere Rebelo de Almeida.

Na Figueira da Foz, já começaram as obras para um hotel Vila Galé no edifício onde funcionava o Grande Hotel da Figueira, com abertura prevista para 2024. O presidente do grupo espera ainda começar, dentro em breve, a intervenção no Paço Real de Caxias, na sequência da concessão ganha no âmbito do programa Revive.

Entrada em Espanha: obras começam no hotel Vila Galé Isla Canela

A expansão do grupo Vila Galé também está a avançar para fora de Portugal, destacando-se a entrada em Espanha, com um hotel em Isla Canela, que era da cadeia Iberostar, e já tem data para começar a operar sob a marca portuguesa: 28 de abril de 2024..

“Vou na próxima semana a Isla Canela, para ver se começam as obras”, adiantou Jorge Rebelo de Almeida, explicando tratar-se de um caso diferente, “de arrendamento, em que é o proprietário que faz as obras, a nosso pedido”.

O Vila Galé Isla Canela (ex-Iberostar) vai entrar em operação na Páscoa do próximo ano
VG

O hotel Vila Galé Isla Canela vai ter 300 quartos, integrando ainda duas piscinas, dois restaurantes, três bares, um spa Satsanga, entre outras facilidades, sendo vocacionado para “um turismo de praia e para famílias”, vendo o grupo neste destino “bastante potencial e muita procura ao nível dos mercados espanhol, português e dos restantes países europeus”.

O hotel em Isla Canela é propriedade dos fundos Saint Croix Hi, SOCIMI (Sociedades Anónimas Cotizadas de Inversión Inmobiliaria), que aceitaram fazer uma reforma completa na unidade até passar a ser gerido pela cadeia portuguesa, na Páscoa do próximo ano.

A unidade em Espanha vai marcar uma nova geografia para o grupo Vila Galé, que totaliza até à data 31 hotéis abertos em Portugal e 10 no Brasil.

Vila Galé analisa hotéis em Havana e Varadero, após abertura em Cayo Coco

No final de outubro, o grupo hoteleiro português irá marcar presença em mais uma nova geografia - Cuba - com a abertura de grande resort junto à praia com 638 quartos, sete restaurantes e cinco bares, a funcionar em regime de ‘tudo incluído’, construído de raiz em Cayo Coco, e desigado de Vila Galé Cayo Paredón.

O novo hotel em Cuba do grupo Vila Galé vai fazer parte dos pacotes de viagens em ‘charters’, disponíveis no mercado português, do operador turístico ibérico Newblue, no verão de 2024.

Os pacotes de 'charters' para Cuba vão passar a incluir o Vila Galé Cayo Paredón

“O hotel vai abrir com um grande evento, e esperamos ainda levar muitos brasileiros para Cuba”, referiu Jorge Rebelo de Almeida.

Em Cuba, a presença do grupo português poderá ir mais além de Cayo Coco. “O Governo cubano falou-nos também na possibilidade de podermos ficar com projetos que estão em construção em Havana e em Varadero”, adiantou o presidente da Vila Galé.

O foco da Vila Galé está também virado para o Brasil, onde já é o maior operador de resorts, mantendo planos de expansão no país. Um dos exemplos é um projeto em Ouro Preto, cidade histótica do estado de Minas Gerais, com fortes raizes portuguesas. “No Brasil, há muitos governadores em fila de espera que nos querem oferecer terrenos a um preço simbólico para desenvolvermos projetos, refere o presidente do grupo.

Mas a principal prioridade assumida pelo líder da Vila Galé é continuar a investir no interior de Portugal, reabilitando património histórico. “Temos vários projetos em mãos, e vamos para um lugar onde Judas perdeu as botas - Miranda do Douro -, mas que é um lugar mágico”, exemplifica.

“Há quem me chame de doido por fazer tanta coisa no interior do país”, nota Jorge Rebelo de Almeida, frisando que “hoje, o interior tem de ser uma prioridade nacional. e como diz o Pedro Abrunhosa, vamos fazer o que ainda não foi feito”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cantunes@expresso.impresa.pt

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