Economia

Fed decidiu uma pausa pontual na subida de juros em junho, confirmam as atas da reunião

Fed decidiu uma pausa pontual na subida de juros em junho, confirmam as atas da reunião
Anadolu Agency/Getty Images

Quase todos os participantes na reunião da Reserva Federal de 13 e 14 de junho concordaram em fazer uma paragem no aumento dos juros para “permitir ter mais tempo para avaliar a evolução económica”, refere-se nas atas da reunião publicadas esta quarta-feira. No entanto, acham que serão “apropriadas” mais subidas até final do ano

Uma esmagadora maioria dos participantes na reunião da Reserva Federal (Fed), o banco central norte-americano, a 13 e 14 de junho, optou por uma pausa na subida dos juros, referem as atas publicadas esta quarta-feira. A decisão final da reunião foi manter a taxa diretora no intervalo entre 5% e 5,25% que tinha sido decidido na reunião de 3 de maio.

O objetivo da paragem na subida dos juros em junho visa “permitir ter mais tempo para avaliar a evolução da atividade económica”, pois os banqueiros centrais norte-americanos sentem muita “incerteza” sobre os efeitos da política de aperto monetário até final do ano, revelam as atas.

Apenas uma minoria muito minoritária - de ‘falcões’ mais duros - defendeu mais uma subida de 25 pontos-base, prosseguindo com o ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2022 e que já acumulou um aumento de 500 pontos--base (5 pontos percentuais). Para esses poucos participantes, o mercado labora resiliente e uma economia que cresceu mais no primeiro trimestre do que se estimava inicialmente (2% em vez de 1,3%) permitiam continuar a apertar.

Quase todos aprovaram a pausa, mas quase todos querem mais subidas

As atas referem-se sempre a uma maioria esmagadora como “quase todos” que formaram um consenso na reunião de junho. Quase todos aprovaram a paragem na subida de juros, mas, também, quase todos acham que “subidas adicionais dos juros serão apropriadas” até final de 2023.

Ficam em aberto as decisões a tomar nas próximas quatro reuniões - a 26 de julho, 20 de setembro, 1 de novembro e 13 de dezembro. Jerome Powell, o presidente da Fed, ainda recentemente no Fórum do BCE em Sintra, sublinhou que os seus colegas da Fed antecipam mais duas subidas nos juros.

A inflação desceu nos EUA em maio para 4% e as previsões da Fed apontam para uma média anual de 3% em 2023. No entanto, o horizonte económico vai ser marcado, na previsão dos participantes na reunião da Fed, por uma “recessão suave que se iniciará no final do ano” e por um aumento da taxa de desemprego (que subiu para 3,7% em maio), mesmo assim em mínimos históricos.

Os banqueiros da Fed acham que para travar o surto inflacionista vai ser “necessário” que a economia norte-americana cresça abaixo da tendência e que o mercado laboral se enfraqueça (com mais desemprego e menos pressão sobre os salários).

No mercado de futuros dos juros da Fed, fornecido pela plataforma Fed Watch da CME, a probabilidade de uma subida de 25 pontos-base na próxima reunião de 26 de julho é de 89%, seguida de uma pausa em setembro. Para novembro, regista-se uma probabilidade de 35% para mais um aumento de 25 pontos-base.

A Fed regista atualmente os juros mais altos nas economias desenvolvidas. No ponto superior do intervalo, os juros estão já em 5,25% nos Estados Unidos, enquanto no Reino Unido estão em 5%, no Canadá em 4,75%, na Austrália em 4,1% e na Zona Euro em 4%. Na Coreia do Sul, Suécia, Suíça, Taiwan e Noruega estão abaixo dos juros do BCE. Os juros mais baixos registam-se na Suíça (1,75%) e o Japão continua a manter taxas negativas desde 2016.

Já este mês, o Banco da Reserva da Austrália decidiu aprovar uma pausa na subida dos juros.

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