Economia

Sindicatos da Groundforce e Menzies ainda sem acordo à vista, questões salariais geram afastamento

Sindicatos da Groundforce e Menzies ainda sem acordo à vista, questões salariais geram afastamento
André Luís Alves

Em contagem para a entrega do Plano de Recuperação da Groundforce, e ainda sob gestão dos gestores de insolvência, os sindicatos mantém-se em negociações com o futuro dona da empresa de logística de aeroporto

Sindicatos da Groundforce e Menzies ainda sem acordo à vista, questões salariais geram afastamento

Anabela Campos

Jornalista

Continuam as reuniões entre os sindicatos e a Menzies, que já esclareceu que só capitaliza a Groundforce se chegar a acordo com os sindicatos na assinatura de um novo acordo de empresa, o que ainda não aconteceu. Um dos temas em divergência são as tabelas salariais. O diálogo continua e está marcada uma nova reunião para o dia 6 de julho.

Não está totalmente excluída a hipótese de greve, embora não o afirmem diretamente, mas apenas nas entrelinhas. "A manutenção das atuais condições, que sufocam as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores da Groundforce, alimenta um clima social insustentável, qual vulcão que pode entrar em erupção a qualquer momento", alertam.


O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) e Sindicato dos Técnicos de Handling e Aeroportos (STHA), afirmam em comunicado que da reunião desta terça-feira com a Menzies, empresa contolada pelo grupo koweitiano NAS, "os trabalhadores tinham a expetativa de poder chegar a um entendimento nas matérias onde ainda estavam distantes (as tabelas salariais), mas lamentavelmente não houve qualquer possibilidade de acordo”.

As referidas estruturas sindicais lembram que os salários base de entrada na Groundforce são hoje de 591€ (no caso dos OAE), e que nesse sentido consideram insustentável manterem-se as atuais tabelas por muito mais tempo. Há muito que são reclamados salários de entrada mais elevados, os valores que se pagam estão a fazer com que a empresa tenha dificuldade em recrutar, têm avançado os sindicatos.

Sublinhando que os trabalhadores da Groundforce "não são insensíveis à situação da empresa", consideram, no entanto, que "não podem ser os mesmos de sempre, com a sua estagnação e compressão salarial, a pagar a fatura da recuperação da empresa, mais ainda num cenário em que os credores vão receber os seus créditos a 100%, a que se junta o desconto (absurdo, no nosso ponto de vista) ao maior cliente". O maior cliente da Groundforce é a TAP.

"Reiteramos que não serão os trabalhadores da Groundforce a subsidiar o pagamento integral aos credores, bem como descontos a quaisquer clientes", frisam.

Reconhecem que há diálogo como o futuro acionista, mas consideram que a aproximação da Menzies na implementação de um novo modelo operacional, "é manifestamente insuficiente para a formalização de qualquer acordo".

Sem melhoria das tabelas salariais não há acordo, avisam. "Recordamos que a melhoria das atuais tabelas salariais e o acompanhamento da evolução da Remuneração Mínima Mensal Garantida, são condições sine qua non para a obtenção de qualquer acordo com qualquer investidor", lê-se ainda no comunicado.


O Sitava e o STHA asseguram que apesar de não haver acordo, mantêm-se "disponíveis para, de forma construtiva, poder chegar a um acordo que satisfaça todas as partes".
A TAP e a Menzies Aviation celebraram, em abril, um acordo para a "recuperação e revitalização da Groundforce", empresa declarada insolvente em agosto de 2021.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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