A inflação nos Estados Unidos da América (EUA) desceu para 4% em maio, o nível mais baixo desde março de 2021, segundo a estimativa do Departamento do Trabalho norte-americano avançada esta terça-feira para a variação homóloga, que compara o nível de preços de maio com os do mesmo mês do ano passado.
A desaceleração do ritmo inflacionista foi de nove décimas em relação à inflação homóloga em abril, uma redução similar à ocorrida na zona euro, mas em patamares muito distintos. A inflação em maio para o grupo dos 20 do euro foi de 6,1%.
Com esta desaceleração, os analistas consideram que os banqueiros da Reserva Federal (Fed), que iniciou esta terça-feira a sua reunião de política monetária, se sentirão mais confortáveis para aprovar uma pausa na subida dos juros.
Ritmo mais baixo em 14 meses
A inflação nos EUA desceu para o nível mais baixo em 14 meses sobretudo devido à quebra de preços na componente da energia, cujo índice caiu 11,7% em maio. Na zona euro, recorde-se, essa quebra foi, em maio, de apenas 1,7%.
No entanto, outras componentes continuam a registar subida da inflação na economia norte-americana. A inflação no sector alimentar foi de 6,7% e nos serviços de transporte chegou a 10,2%.
Em termos de variação dos preços em relação a abril - o que os economistas designam por variação em cadeia -, a inflação subiu apenas 0,1% em maio, uma desaceleração em relação a 0,4% em abril. Na zona euro, a variação em cadeia foi nula em maio.
Probabilidade de pausa pela Fed disparou para 95%
Depois de conhecidas as estimativas da inflação para maio, confirmando uma clara desaceleração global, a probabilidade de a Fed aprovar uma pausa na subida dos juros na reunião em curso aumentou de 79% na segunda-feira para 95,3% esta terça-feira, após a divulgação, segundo os dados da plataforma da CME para o mercado de futuros da taxa do banco central.
A probabilidade do anúncio na quarta-feira de uma subida de 25 pontos-base, prosseguindo o ciclo de aumento dos juros, caiu drasticamente de 21% para 4,7%.
Se o banco central chefiado por Jerome Powell decidir uma pausa será a primeira depois de um ciclo de subidas desde março de 2022, que elevou os juros do intervalo 0%-0,25% para 5%-5,25%.
Inflação subjacente acima de 5%
Apesar da desaceleração no ritmo inflacionista, a inflação subjacente - excluindo as componentes mais voláteis, como a energia e a alimentação - nos Estados Unidos continua acima de 5%. O ritmo desceu de 5,5% em abril para 5,3% em maio.
Ainda que não totalmente comparável, a inflação subjacente na zona euro (que exclui a energia, alimentação, álcool e tabaco) desceu de 5,6% para 5,3%.
Uma inflação subjacente acima de 5% continua a ser um travão a uma viragem decisiva da política monetária da Fed e, por isso, o mercado de futuros aponta para um aumento dos juros em julho. A probabilidade de uma subida de 25 pontos-base na reunião de 26 de julho subiu de 60% para 63%. O mercado de futuros antecipa que os banqueiros da Fed aceitarão fazer uma pausa em junho para depois voltarem a subir em julho.
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