Angola vem a Portugal pedir investimentos na agroindústria e não só

“Precisamos que Portugal nos ajude a construir uma economia menos dependente do petróleo”, disse o ministro angolano da Coordenação Económica, esta quarta-feira, no Porto
“Precisamos que Portugal nos ajude a construir uma economia menos dependente do petróleo”, disse o ministro angolano da Coordenação Económica, esta quarta-feira, no Porto
“Convidamos as empresas portuguesas a investirem em Angola nos sectores agrícola e agroalimentar, de forma a ganharmos auto-suficiência nos produtos alimentares”, afirmou o ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, esta quarta-feira, na abertura do Fórum Económico Portugal –Angola, com o tema “Construímos Relações Sólidas”, a decorrer no Porto.
Numa intervenção marcada pelo trajeto da economia angolana nos últimos anos, da reforma fiscal até ao superavit de 2,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, à taxa de inflação de 11,5% em fevereiro, “a mais baixa desde 2015”, a uma taxa estimada de crescimento do PIB de 3,05% em 2022 que deverá acelerar até aos 3,3% este ano, com o petróleo a crescer 3,9%, ou a uma conta corrente da balança de pagamentos já com saldo positivo.
Mas neste trajeto o petróleo ainda tem uma quota de 95% dos recursos exportados pelo país e “Angola quer acabar com esta dependência de um único produto cujo preço não controla”.
É neste contexto que Portugal, “com uma economia diversificada, voltada para o exterior, com um sector empresarial dinâmico”, aparece como um parceiro desejado para o desenvolvimento de alguns sectores e justifica o pedido: “Precisamos que Portugal nos ajude a ter uma economia cada vez menos dependente do petróleo”, sublinhou.
A fileira agrícola e agroalimentar aparece “como uma prioridade”, mas o ministro elencou outras áreas em que espera ver surgir projetos e parcerias com empresas portuguesas: têxteis e vestuário, turismo, habitação, saúde, pescas, construção e todas as áreas que possam contribuir para a diversificação económica.
Na verdade, diz, “Angola é um país aberto ao investimento em praticamente todos os sectores da sociedade”. E “o desejo do país é ver Portugal a ajudar Angola a ter uma economia mais diversificada e a transformar os recursos naturais em riqueza tangível para o país e para o povo angolano”, acrescenta.
Na mesma linha, o ministro angolano da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, destacou o objetivo de fazer o rácio da dívida pública cair para menos de 60% do PIB (28% decorrente do petróleo) este ano e a duplicação das reservas internacionais angolanas de 7,74 mil milhões de dólares (7 mil milhões de euros) para quase 15 mil milhões entre 2017 e 2021.
“Estamos a fazer uma digressão pela UE para promover a nossa economia”, referiu o governante, adiantando que apesar da vontade de reduzir a dependência do petróleo, este continua a ser um recurso importante e até 2027 Angola deve produzir um milhão de barris por dia. Já o agronegócio deverá crescer 8,8% no quinquénio, adiantou.
Entre os empresários presentes, as perguntas do primeiro painel de trabalhos estiveram especialmente focadas no sector da saúde e do lado do governo angolano houve a confirmação do interesse em começar a produzir medicamentos no país, designadamente genéricos, para consumo humano e animal, assim como rações.
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