13 maio 2023 17:45
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Argentina e Zimbabué lideram as autoridades monetárias com juros de 91% e 140%, os mais altos do mundo
13 maio 2023 17:45
Os bancos centrais com os juros mais altos do mundo contam-se pelos dedos das duas mãos. A esmagadora maioria situa-se em África e dois deles são de língua oficial portuguesa, Angola e Moçambique. Mas os dois casos que se destacam com juros muito perto ou acima de 100% são a Argentina (91%) e o Zimbabué (140%), duas economias que também se encontram entre as capturadas pela hiperinflação. A pobreza domina os campeões dos juros: metade da população no Zimbabué e 39% na Argentina, segundo dados do final de abril. Mesmo com uma mancha de miséria tão expressiva, o Banco da Reserva do Zimbabué (RBZ) e o Banco Central da República da Argentina (BCRA) optaram por um aperto monetário violento.
O ciclo mais recente de subidas do RBZ iniciou-se em julho do ano passado, com a taxa diretora a saltar de 80% para 200%, tendo, já em 2023, descido por duas vezes para 140%. A inflação entrou em trajetória de redução, mas, mesmo assim, ainda estava, em abril, em 75% em termos homólogos (em relação a abril do ano passado) . A taxa real (descontando a inflação) é extremamente elevada, de 65%, destacando-se do resto do grupo que ou regista juros reais entre 4% e 6,5% (casos da Ucrânia, Angola e Moçambique) ou tem juros negativos (os outros seis países). Juros reais positivos significam que a política monetária é claramente restritiva, um eufemismo para explicar que os juros, estando já acima da inflação, pretendem declaradamente punir a economia real. O que, por exemplo, já acontece com a Reserva Federal norte-americana (juros em 5,25% e inflação em 4,9%), mas ainda não com o Banco Central Europeu (juros em 3,75% com inflação em 7%).