A economia portuguesa fechou o mês de janeiro com um excedente externo de 513 milhões de euros, o mais alto desde que há registos para este mês, segundo dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados esta quarta-feira, 22 de março.
Este registo foi “o maior valor positivo observado no saldo das balanças corrente e de capital de janeiro em toda a série, disponível desde 1996”, segundo o banco central português. Em janeiro de 2022, o País tinha registado um défice externo de 500 milhões de euros.
No primeiro mês deste ano, registou-se uma queda de 561 milhões de euros no défice da balança de bens e serviços face a janeiro de 2022, “tendo-se verificado um aumento do excedente da balança de serviços e uma redução do défice da balança de bens”, detalha o BdP.
O défice da balança de bens recuou 50 milhões de euros face ao mês homólogo para os 1600 milhões de euros, “reflexo de um crescimento das exportações, de 854 milhões de euros, superior ao das importações, de 804 milhões de euros (15,6% e 11,3%, respetivamente)”, detalha.
Já no que toca a exportações e importações de serviços, estas subiram 36% e 25%, respetivamente. “Para esta subida contribuíram sobretudo as viagens e turismo e os serviços de transporte. As exportações e as importações de viagens e turismo cresceram, em termos homólogos, 69,7% e 49,7%, respetivamente, e resultaram num aumento do saldo desta rubrica de 425 milhões de euros. As exportações de viagens e turismo totalizaram 1,3 mil milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de janeiro”, avança o Banco de Portugal.
Balança financeira com saldo de 500 milhões
No que toca à balança de rendimento primário, o défice desta caiu, em janeiro deste ano, 23 milhões de euros face ao período homólogo, beneficiando principalmente da subida de dividendos recebidos do exterior. A balança de rendimento secundário viu, por sua vez, o excedente aumentar 83 milhões de euros graças à “redução da contribuição financeira para a União Europeia” tal como à “subida das prestações sociais recebidas”, disse o banco.
Relativamente à balança de capital, esta “apresentou um excedente de 227 milhões de euros, depois de ter apresentado um défice de 120 milhões de euros no período homólogo. Esta evolução reflete sobretudo a redução de pagamento de licenças de emissão de carbono”, acrescentou.
A balança financeira teve um saldo positivo de 500 milhões de euros, “refletindo um aumento dos ativos sobre o exterior (3,9 mil milhões de euros) superior ao incremento dos passivos (3,4 mil milhões de euros)”.
“O aumento de ativos é, essencialmente, justificado pelos investimentos das administrações públicas em dívida titulada emitida por não residentes (3,0 mil milhões de euros) e pelo aumento dos depósitos no exterior por parte do banco central (1,0 mil milhões). Do lado dos passivos, o crescimento é devido, sobretudo, a investimentos do resto do mundo em títulos de dívida pública portuguesa (1,4 mil milhões de euros) e a aumentos dos passivos do banco central sob a forma de empréstimos (1,2 mil milhões de euros)”, detalha o banco central.
“Os setores que mais contribuíram para a variação positiva dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo foram as administrações públicas (1,5 mil milhões de euros) e as outras instituições financeiras monetárias (1,1 mil milhões de euros). Em sentido oposto, o banco central (-1,6 mil milhões de euros) e as sociedades não financeiras (-0,8 mil milhões de euros) registaram crescimento dos passivos superiores aos incrementos dos ativos”, acrescenta o BdP.
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