Em reação ao lucro da TAP em 2022, os sindicatos dos trabalhadores vieram apelar ao fim dos acordos de emergência, que impuseram cortes na remuneração dos trabalhadores - cortes esses que neste momento se situam nos 20%. É uma posição que une desde o sindicato do pessoal de terra (SITAVA), passando pelo dos pilotos (SPAC), pelos tripulantes (SNPVAC) e trabalhadores da manutenção.
"Este resultado é fruto dos cortes salariais e do aumento das cargas de trabalho que nos estão a ser violentamente impostas. É um resultado conseguido todo ele à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios", afirma o SITAVA em comunicado. Os custos com trabalhadores da TAP situam-se nos 416 milhões, menos cerca de 40% do que eram em 2019, antes da pandemia.
Uma posição idêntica tem o sindicato dos tripulantes. “Os resultados da TAP são positivos, mas são acompanhados de um sabor agridoce, pois sabemos que grande parte destes resultados são uma consequência dos cortes salariais impostos aos trabalhadores do Grupo TAP pelo Plano de Reestruturação que ainda se encontra em vigor. Sobre a vigência do Plano de Reestruturação, e consequentemente os Acordos Temporários de Emergência (ATE), o Sindicato tem desde há muito tempo a esta parte exigido o seu fim", diz o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarróias. A TAP, considera está económica-financeira e operacional muito saudável", por isso, é tempo de parar de penalizar os trabalhadores. “Ou será que querem ir para além do Plano de Restruturação?”, pergunta.
O Sindicato dos Trabalhadores e Aviação (SITAVA) sublinha ainda que por trás deste resultado de 65,5 milhões de euros "estão opções que, com as quais discordamos profundamente. (...) Apregoam aos quatro ventos que o tal Plano de Reestruturação é para cumprir à risca, mas neste caso como se tratava de massacrar os trabalhadores, já optaram por não cumpri-lo e antecipá-lo dois anos. À custa de quem? Dos trabalhadores".
O sindicato liderado por Paulo Duarte afirma ainda que o "Plano de Reestruturação está a estrangular a empresa". E avisa que "os trabalhadores estão castigados, desmoralizados e sem esperança", e que a companhia está "com lucros mas não têm trabalhadores". E sem eles, a TAP não vai conseguir crescer.
Já o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) defendeu que o lucro de 65,6 milhões de euros justifica, “mais do que nunca”, o “fim dos cortes” salariais. “Com 66 milhões de euros de resultados, mais do que nunca defendemos o fim destes cortes”, afirmou Pedro Figueiredo em declarações à agência Lusa.
Salientando que “estes resultados históricos - segundo a administração - são o resultado [do esforço] dos trabalhadores, daqueles que efetivamente o fazem por amor à camisola”, o dirigente sindical recordou estarem em vigor “cortes muito agressivos até 2025”, que defende que “sejam efetivamente abolidos ou negociados o mais breve possível, porque os trabalhadores merecem”.
“Este sindicato está a trabalhar no sentido de que, a qualquer momento, esses cortes terminem. Vamos ver com os outros sindicatos – que, com certeza, estarão de acordo - que estes cortes tenham um fim o mais rapidamente possível. É isso que defendemos e é isso que queremos”, sustentou.
Com os resultados hoje anunciados pela TAP, que obteve lucros antes do previsto no plano de reestruturação, o SINTAC considera também que a privatização da companhia “fica um pouco mais facilitada, embora a paz social não esteja ainda completamente” assegurada.
Pedro Figueiredo salientou, contudo, que “os trabalhadores, nomeadamente por via do sindicato, são contra a privatização da TAP”, opondo-se a que “o Estado fique sem o capital suficiente para poder dirigir” a empresa.
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