Economia

Grandes empresas garantem 62% das exportações, 71% dos impostos e 40% do emprego

António Rios de Amorim, CEO da Corticeira Amorim, vencedor do prémio de CEO do ano
António Rios de Amorim, CEO da Corticeira Amorim, vencedor do prémio de CEO do ano
João Girão

Estudo conjunto da Associação Business Roundtable e da Nova Information Management School avaliou o impacto das grandes empresas na economia nacional para concluir que 1% das empresas do país geram 57% do Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado

Entre 2016 e 2019 as grandes empresas obtiveram um Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços de mercado, dez vezes maior do que uma empresa média e, em 2019, foram, em média 3,7 vezes mais produtivas do que as empresas de média dimensão. Os números constam do estudo “Análise prospetiva do impacto do crescimento das grandes empresas em Portugal”, realizado pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP) e pela Nova Information Management School (Nova IMS), divulgado esta segunda-feira, durante a conferência “Querer e Crescer: Ideias para Acelerar o Crescimento de Portugal”, promovida pela Associação BRP.

Em três anos (2016-2019), Portugal viu crescer o seu número de grandes empresas de 1038 para 1291. “Se nos focarmos apenas em 1% do total de empresas em Portugal, percentagem onde se inserem as grandes empresas contabilizadas em 2019 em Portugal, percebemos o forte impacto que as organizações de grande dimensão têm, tanto a nível económico, como dos trabalhadores e do próprio Estado”, vinca Bruno Damásio, professor auxiliar da Nova IMS e investigador responsável pelo estudo.

Contas feitas, explica Bruno Damásio, “estamos a falar de um contributo de 57% no VAB a preços de mercado, 62% das exportações, 48% dos gastos com pessoal, 64% das contribuições para a Segurança Social e 71% em impostos”. Ou seja, “muito mais do que os restantes 99% do tecido empresarial, constituído por pequenas e médias empresas”, realça.

Grandes empresas pagavam, em 2019, mais 30% do que as médias

A nível salarial, as grandes empresas gastaram, no período de tempo em análise, uma média de 30.900 euros por trabalhador, mais 30% do que as médias e mais de 70% do que as pequenas. Já no que respeita ao investimento em projetos de Investigação & Desenvolvimento (I&D), o estudo sinaliza que, em média, o investimento das grandes empresas foi seis vezes superior ao investimento das médias empresas entre 2016 e 2019.

“Se em 2019 tivessem surgido 150 grandes empresas, estas teriam contribuído para mais 4% do VAB a preços de mercado, mais 5% de receita fiscal agregada e mais 10% em exportações”, avança Bruno Damásio, acrescentando que ”também a produtividade aparente e os salários aumentariam 1%”.

Contudo, a meta está ainda por alcançar. “O crescimento do número de grandes empresas registado no país não está a conseguir acompanhar o desenvolvimento económico dos nossos concorrentes”, admite António Rios Amorim, vice-presidente e líder do grupo de trabalho Empresas, da Associação BRP e CEO da Corticeira Amorim.

Para o presidente da Corticeira Amorim, “Portugal atravessa neste momento um cenário de produtividade, perante o qual a percentagem inferior a 1% de grandes empresas na nossa economia não chega para estimular o crescimento de que o país necessita”. António Rios Amorim salienta, por isso, que “é urgente adotar soluções estruturantes que nos permitam potenciar o crescimento das nossas empresas, tornando as pequenas médias, as médias grandes e as grandes globais”.

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