As famílias portuguesas com crédito à habitação com taxa de juro variável — cerca de 93% do total de contratos — que tiveram a sua prestação mensal ao banco atualizada este mês de março não tiveram boas notícias: o valor das prestações agravou-se 61,6%, por comparação com março de 2022, para créditos a 30 anos. Mais ainda, as famílias não podem contar com um alívio nos próximos meses, já que, fruto do endurecimento da política do Banco Central Europeu (BCE) — que na reunião da próxima semana deverá aumentar os juros de referência em mais meio ponto percentual —, os juros de mercado vão continuar a subir e as prestações devem continuar a aumentar até ao início de 2024. Tudo somado, no espaço de dois anos — entre março de 2022 e março de 2024 — a subida será de até 88,5%. São até mais €266 por mês por cada €100 mil de dívida. E mesmo para empréstimos mais antigos, com um prazo remanescente menor, o impacto é expressivo, com um aumento das prestações mensais de 56,3% nos créditos a 20 anos e de 26,7% a 10 anos.
Em Portugal, há cerca de 1,4 milhões de contratos ‘vivos’ de crédito à habitação, segundo os últimos dados do Banco de Portugal. E ao contrário do que acontece noutros países europeus, onde a maioria dos empréstimos para comprar casa tem taxa de juro fixa — casos da Bélgica ou da Alemanha, por exemplo —, em Portugal 93% do stock total de contratos de crédito à habitação têm taxa de juro variável, em regra com as Euribor num dos seus vários prazos a servirem de indexante.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: slourenco@expresso.impresa.pt