Economia

Advogado José Manuel Galvão Teles morre aos 84 anos

Advogado José Manuel Galvão Teles morre aos 84 anos
Jos\303\251 Carlos Carvalho

Sócio fundador do escritório Morais Leitão morreu esta quinta-feira. Na nota de pesar, a sua firma lembra a luta do advogado pela democracia

O sócio fundador do escritório de advogados Morais Leitão, José Manuel Galvão Teles, morreu esta quinta-feira, aos 84 anos. Advogado durante sessenta anos, Galvão Teles foi agraciado duas vezes pelo Presidente da República. Jorge Sampaio, em 2005, atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e, no final de 2022, Marcelo Rebelo de Sousa entregou-lhe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Em nota de imprensa, a Morais Leitão faz notar que José Manuel Galvão Teles “foi um jovem empenhado na construção e na luta ativa pela democracia, um político convicto da importância dos direitos fundamentais e foi, também, um homem de família e um homem de cultura”.

Fundou a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, fruto da fusão de dois dos principais escritórios de advocacia. “Sempre viu a advocacia como uma continuação do seu exercício de cidadania, a par da vida política, social, humana e cultural, tendo sido justamente homenageado com a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados em 2010”, indica o comunicado. Em 2022 foi galardoado com o Prémio de Carreira da Advocacia Societária pela Associação das Sociedades de Advogados de Portugal.

Defendeu réus acusados de crimes políticos durante o Estado Novo, participou depois em processos internacionais pela paz e contra o Apartheid, “consolidando no Portugal democrático uma carreira dedicada às fusões e aquisições, mas também ao contencioso, tendo patrocinado algumas das ações cíveis de maior valor julgadas em tribunais portugueses e, com sucesso, alguns dos mais importantes e mediáticos processos-crime”.

Segundo a biografia que consta no site da Morais Leitão, nos anos 60, quando Galvão Teles já era advogado, foi presidente nacional da Juventude Católica, fundador e dirigente da Cooperativa Pragma (dissolvida pela PIDE), editor dos Cadernos GEDOC, presidente do Centro Nacional de Cultura e colaborador da revista ‘O Tempo e o Modo’ (o que lhe valeu ser “interrogado pelo regime quanto às atividades desenvolvidas”), candidato a deputado pela oposição (CDE) nas eleições de 1969 e advogado de defesa processos políticos marcantes, como o caso do arquiteto Nuno Teotónio Pereira.

“Opôs-se sempre à guerra colonial, com uma voz muito ativa, intervindo e alertando publicamente para a situação política nacional”, é ainda referido.

Depois do 25 de Abril, continuou a exercer advocacia, “sem abdicar da participação ativa na vida política do país, designadamente enquanto fundador e dirigente do Grupo de Intervenção Socialista”. Manteve-se até meados dos anos 90 como dirigente nacional do Partido Socialista.

Galvão Teles integrou o Conselho de Estado, foi embaixador de Portugal junto das Nações Unidas, entre 1975 e 1976 – “num período fundamental para a negociação da descolonização”.
Também desempenhou vários cargos executivos e não executivos nos órgãos sociais em empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal, como a Impresa (que detém o Expresso).

Era um apaixonado pelas artes e fundou e foi dirigente de várias associações e fundações privadas ligadas à cultura, como a Fundação Serralves, a Fundação Mário Soares, a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e a Fundação Júlio Pomar.

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