Economia

Comércio global de mercadorias cai no quarto trimestre com correção nos preços da energia

Comércio global de mercadorias cai no quarto trimestre com correção nos preços da energia
Tiago Miranda

O comércio de bens entre países do G20, medido em dólares e a preços correntes, recuou no quarto trimestre de 2022 devido à queda dos preços da energia, segundo a OCDE

O comércio de mercadorias nos países do Grupo dos 20 (G20), que agrega as 19 maiores economias do mundo e os países da União Europeia, recuou no quarto trimestre de 2022 face ao anterior, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta quinta-feira, 23 de fevereiro.

Medidas a preços correntes e em dólares, as exportações nos países do G20 recuaram 3,5%, ao passo que as importações caíram 3,1% no quarto trimestre de 2022. Uma evolução justificada pela fraca procura nos mercados mundiais e pela queda dos preços da energia.

O segundo trimestre de 2022, altura em que os preços da energia dispararam nos mercados internacionais na sequência da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, corresponde a um pico no montante total do comércio de mercadorias, a partir do qual se têm registado sucessivas quedas trimestrais.

Os países mais afetados pela queda dos preços dos combustíveis, nomeadamente do crude, foram grandes produtores como o Canadá, com uma queda de 6,7% nas exportações no quarto trimestre; os Estados Unidos, com um recuo de 5,4%; e o México, com menos 3,1%.

“Por outro lado, as exportações de mercadorias cresceram 0,9% na União Europeia, com as vendas fortes de maquinaria e de equipamento de transporte em Itália, França, e Alemanha a compensarem parcialmente envios menores de produtos químicos e de metais”, segundo o comunicado da OCDE.

As exportações da segunda maior economia do mundo, a China, recuaram 7,1% no quarto trimestre, ao passo que as importações caíram 2,5%, com a procura interna e a produção industrial, em particular no setor dos produtos eletrónicos, a sofrerem o impacto das medidas de contenção do vírus da covid-19, só levantadas por Pequim em dezembro de 2022.

A baixa procura chinesa teve impacto nas exportações de países asiáticos como a Coreia do Sul. As vendas para o exterior recuaram 8,3% no quarto trimestre devido à correção em baixa dos preços dos semicondutores, com o fim de de meses de escassez mundial. As exportações japonesas recuaram, por sua vez, 1,4%.

A África do Sul, a Indonésia, e a Arábia Saudita registaram quedas nas exportações de bens na ordem dos 9,7%, 7,4%, e 14,5%, respetivamente, devido à diminuição das vendas de matérias-primas para mercados externos.

O comércio de serviços entre os países do G20, medido a preços correntes e em dólares, também abrandou no quarto trimestre, com as exportações a perderem 0,8% e as importações a recuarem 1,5%, o segundo trimestre consecutivo de quedas.

A ajudar a esta dinâmica estiveram a normalização das cadeias de abastecimento e da atividade turística. Recuperada a capacidade destruída pela pandemia, as empresas de transporte reviram em forte baixa os altíssimos preços cobrados durante os meses mais críticos da pandemia.

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