Antes de comprar a TAP, o acionista americano pediu à Airbus para trocar os A350 por Neo. A operação está a ser investigada
Suspeitas de pagamento pelo leasing dos aviões da TAP à Airbus de um montante superior ao pago pela concorrência levaram o anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a mandar em outubro o dossiê para o Ministério Público — foi agora aberto um inquérito. O negócio sob investigação foi liderado pelo anterior acionista norte-americano, David Neeleman, em 2015, na altura em que este entrou no capital da TAP. A transportadora portuguesa, então presidida por Fernando Pinto, tinha assinado um contrato para a compra de 12 aviões A350 da Airbus — um avião com grande procura no mercado —, mas Neeleman decidiu mudar o contrato e trocá-lo pela compra de 53 novos aviões dos modelos A320 Neo, A321 Neo e A330-900 Neo. O negócio levantou sempre celeuma.
Citando uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM), e da Airborne Capital, consultora especialista em leasing de aviões, o “Eco” noticiou esta semana que foi estimado nesta troca que Neeleman tenha lesado a companhia portuguesa em 444 milhões de dólares. O jornal online avança ainda que a Airbus entregou 226,75 milhões de dólares a uma sociedade de Neeleman, que este depois a passou à Atlantic Gateway, consórcio criado pelo empresário norte-americano e por Humberto Pedrosa para comprar 61% da TAP. Terá sido este o dinheiro usado pela Gateway para ir à privatização.
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