Nova SBE ‘abre portas’ no metaverso (numa estreia com o avatar do novo diretor)

Pedro Oliveira assumiu a liderança da escola de negócios há cerca de duas semanas e escolheu o mundo digital para apresentar a estratégia para o mandato de quatro anos
Pedro Oliveira assumiu a liderança da escola de negócios há cerca de duas semanas e escolheu o mundo digital para apresentar a estratégia para o mandato de quatro anos
O recém-eleito diretor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), Pedro Oliveira, estreou-se no metaverso num evento no novo espaço virtual que a escola de gestão acaba de inaugurar. O MetaDEL é uma sala do Nova SBE Digital Experience Lab criada no mundo digital e assume-se, igualmente, como a primeira do género numa escola portuguesa.
O encontro reuniu cerca de vinte avatares de jornalistas, investigadores e da equipa de gestão da Nova SBE, numa experiência auxiliada por voluntários da escola que, além de inteirarem os participantes (cada um em geografias distintas) sobre as funcionalidades dos óculos de realidade virtual e respetivos joysticks – que, diga-se de passagem, são muito sensíveis –, zelaram para que todos estivessem devidamente sentados (num sofá ou em cadeiras), sem ser ao colo uns dos outros (é muito fácil ‘abalroarmos’ outros avatares) ou, então, a fazer corridas de uma ponta à outra da sala (até aconteceu uma exibição, igualmente inadvertida, de natação durante a apresentação do novo diretor).
A sala é virtual mas replica uma divisão real, com o mesmo mobiliário e as amplas janelas através das quais se vê o Forte de São Julião da Barra, que fica ao lado do campus da Nova SBE, em Carcavelos, no concelho de Cascais. Durante a sessão, que durou cerca de uma hora (por esta altura, os óculos, a luminosidade e a própria experiência de imersão numa realidade virtual começaram a ficar desconfortáveis para o Expresso), Pedro Oliveira e um conjunto de investigadores deram a conhecer os principais projetos e temas de investigação que vão marcar a escola de gestão em 2023.
Foi a primeira vez que Pedro Oliveira falou, enquanto diretor da Nova SBE, aos meios de comunicação social e apresentou-se com um avatar de camisa branca, calças de ganga pretas e uns botins da mesma cor. É muito fácil adotarmos posições estranhas (a mais comum é algo parecido com um zombie ou estarmos numa espécie de dança em câmara lenta), mas com algum treino é possível adotar uma postura bastante próxima do ser humano. Bater palmas e soltar pequenas explosões de corações encarnados, sem querer, enquanto se fala é, igualmente, fácil – cada mão tem um joystick e basta juntar ambos para produzir este efeito.
Pedro Oliveira assumiu a dianteira da sessão e fez notar que, apesar de todos os presentes conhecerem diretores de faculdades com muito mais tempo de experiência – ainda não fez duas semanas que assumiu o cargo, por um mandato de quatro anos –, seria, certamente, a primeira vez que estávamos perante um diretor no metaverso.
Na apresentação, o responsável sublinhou que esta experiência “imersiva” é mais um passo da Nova SBE no histórico de inovação que pauta a escola desde a sua fundação. Fez notar o pioneirismo da instituição de ensino e a vontade de deixar marca no desenvolvimento digital e em projetos que envolvem inteligência artificial. Também quis passar uma mensagem de compromisso com um “futuro melhor e mais sustentável”.
O foco da escola de negócios é “produzir e disseminar conhecimento que melhora a vida das pessoas, das organizações e da sociedade”, frisou. Pedro Oliveira falou ainda do elevado crescimento que a instituição teve nos últimos anos com a mudança de Lisboa para o novo campus em Carcavelos, e do reconhecimento internacional, espelhado num bom desempenho da Nova SBE nos rankings do Financial Times, e focou a necessidade de consolidar, nos próximos tempos, esse desenvolvimento e a qualidade atingida em várias áreas.
Até 2030, a equipa que lidera a escola quer colocá-la no Top 10 das melhores instituições do ensino da gestão da Europa.
Entre as prioridades estratégicas para o seu mandato, Pedro Oliveira elege a inclusão e o papel que as bolsas têm neste campo. “Queremos ser uma escola com as portas abertas para todos, até pela nossa condição de instituição de ensino pública”, afirma. A Nova SBE tem um programa de atribuição de bolsas, destinadas a financiar os custos dos estudos de alunos com dificuldades financeiras e de mérito, cuja dotação foi aumentada em 42% e que, este ano, soma dois milhões de euros – o objetivo é duplicar as bolsas.
A este respeito, Pedro Oliveira concretiza ao Expresso que a intenção é “chegar ao maior número de alunos possível, mitigando a subida do custo de vida, e aumentar em 40% o acesso de alunos com restrições financeiras que qualificam para os nossos programas, o que representa aproximadamente 90 bolsas adicionais de mobilidade social em 2023”. A totalidade das bolsas de estudo, incluindo alunos de licenciatura e mestrado, deverá rondar as 373, um patamar para o qual a Nova SBE conta “com todos os seus parceiros presentes e futuros”.
Atualmente, a Nova SBE tem mais de 1800 alunos na licenciatura, dos quais 12% são internacionais e, diz o diretor, “há espaço para aumentar o número de alunos internacionais, incluindo de fora da União Europeia”. Existem planos para crescer “o número de admissões de alunos de diferentes culturas e backgrounds como forma de promover a diversidade” – é uma das 60 medidas do Plano Estratégico 2023+ para os próximos quatro anos.
Já os mestrados pré-experiência são frequentados por 3400 alunos, dos quais 66% são internacionais. “Esperamos manter e continuar a fazer da escola um lugar atrativo, quer do ponto de vista da localização como também dos serviços e experiência que oferecemos aos alunos. Mas temos, essencialmente, a preocupação de garantir o acesso a todos os alunos que qualificam para os nossos programas, garantindo que ninguém fica de fora por razões económicas”, faz notar Pedro Oliveira.
Quanto ao corpo docente soma 84 professores de carreira, o que representa uma quase duplicação desde 2018, dos quais 40% são internacionais. “Continuaremos a assegurar que a dimensão do nosso corpo docente responde ao crescimento de alunos acentuado que tivemos nos últimos anos”, indica o responsável, assinalando que, por exemplo, “nos mestrados passámos de cerca de 650 alunos em 2017 para mais de 1700 em 2022”.
Estão previstas contratações nas novas áreas que constam do Plano Estratégico 2023+, tais como sustentabilidade, inovação e data. “Temos, por isso, projetado um incremento orçamental para a contratação de 19 novos professores no mercado internacional”, adianta.
Existe, igualmente, o plano de desenvolver “seis institutos de alto impacto cruzando as áreas de gestão, economia e finanças com inovação, sustentabilidade e tecnologia. Neste momento, a Nova SBE tem já um Instituto em Empreendedorismo, o Nova SBE Haddad Entrepreneurship Institute, responsável por fomentar junto dos alunos um ‘pensamento empreendedor’, e Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality, onde se trabalha para a excelência do serviço ao cliente para diversos sectores e na sustentabilidade económica do sector do turismo. Ainda este ano, deverá ser lançado um instituto na área da sustentabilidade.
Outro objetivo é fazer novos acordos com escolas internacionais. “É fundamental continuar a estabelecer parcerias estratégicas com algumas das melhores universidades do mundo. Temos estado a trabalhar precisamente nisso com escolas em várias partes do mundo, nomeadamente no triângulo EUA, Brasil e Europa”, refere Pedro Oliveira. Por outro lado, faz notar o diretor, o novo Conselho Consultivo – onde se incluem os prémios Nobel da Química, Aaron Ciechanover, e da Fisiologia e da Medicina, Richard Roberts, bem como o co-fundador da biotecnológica farmacêutica Moderna – “que acabámos de estabelecer para a Nova SBE reflete também a nossa aposta na internacionalização e na afirmação intelectual, sendo 100% internacional”.
Por sua vez, os projetos de investigação apresentados na sessão com a imprensa trouxeram temas diversos como estratégias para melhorar a relação entre as decisões humanas e as decisões automatizadas (‘Deciding with Humans-in-the-Loop’ | Nova SBE Data Science Knowledge Center’; uma proposta de metodologia que avalia as políticas públicas numa perspetiva de justiça intergeracional (‘Metodologia de Avaliação de Políticas Publicas nas Diversas Gerações’ | Nova SBE Economics For Policy Knowledge Center); procurar a relação de influência entre as avaliações escolares e os fatores de contexto (‘Teacher Scores In Upper Secondary Education: The Role Of Peer Comparisons’ | Nova SBE Economics of Education Knowledge Center); avaliar o impacto ambiental e económico que a exploração de minas tem em África (‘Artisanal Mining In Africa’ | Nova SBE NOVAFRICA Knowledge Center); bem como uma análise à sustentabilidade da despesa pública em saúde e ao papel dos seguros privados no financiamento do sistema de saúde, entre outros aspetos (‘Health Spending and Health System Financing’ |Nova SBE Health & Management Knowledge Center).
Pedro Oliveira tem 51 anos, é professor catedrático, detentor da cátedra da Fundação Calouste Gulbenkian na Nova SBE e, nos últimos cinco anos, viveu com a sua família em Copenhaga (Dinamarca), onde esteve como professor na Copenhagen Business School. Foi professor na Católica Lisbon School of Business and Economics onde desempenhou diversas funções de direção, como a de diretor académico do The Lisbon MBA, de diretor para o desenvolvimento dos professores e para a investigação e de diretor da Unidade de Investigação (CUBE). Foi também international faculty fellow do MIT Sloan Management School e assessor do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. É doutorado em Gestão de Operações, Tecnologia e Inovação pela University of North Carolina, mestre em Investigação Operacional e Engenharia de Sistemas e licenciado em Engenharia Naval pelo Instituto Superior Técnico. Fez formação complementar pela Harvard Business School e pela Kellogg School of Management.
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