Economia

Banco de Inglaterra sobe juros em meio ponto percentual, o dobro do aumento da Fed

Banco de Inglaterra sobe juros em meio ponto percentual, o dobro do aumento da Fed
Peter Macdiarmid/Getty Images

O Banco central britânico decidiu esta quinta-feira subir os juros em 50 pontos-base, para 4%. A inflação fechou o ano de 2022 acima de 10% e as previsões do Fundo Monetário Internacional apontam para recessão em 2023

O Banco de Inglaterra (Bank of England, BoE) decidiu esta quinta-feira subir a taxa diretora para 4%, optando por um aumento de 50 pontos-base (meio ponto percentual).

A equipa liderada por Andrew Bailey decidiu não seguir a opção de um “aumento modesto”, de 25 pontos-base, adotada pela Reserva Federal norte-americana (Fed) na quarta-feira e pelo Banco do Canadá em janeiro.

Deste modo, o BoE aumentou o dobro do que a equipa de Jerome Powell fez em Washington no dia anterior.

Entre os bancos centrais das maiores economias desenvolvidas, o BoE foi o primeiro a iniciar um ciclo de subida dos juros. A primeira decisão de subida foi tomada em dezembro de 2021. Desde essa altura, os banqueiros centrais da libra esterlina aumentaram o juro em 390 pontos-base (3,9 pontos percentuais). O juro subiu de 0,1% em novembro de 2021 para 4% agora. Atualmente, é o quinto mais elevado nas economias desenvolvidas, depois da Islândia (6%), dos EUA (4,75%), do Canadá (4,5%) e da Nova Zelândia (4,25%).

A decisão não foi, no entanto, tomada por unanimidade no comité de política monetária, que se reúne com nove membros. Sete votaram pela subida, mas dois pretendiam uma pausa, e manter a taxa em 3,5%. Na reunião, em dezembro, também se manifestaram os dois resistentes, adeptos da pausa no ciclo de subidas. Mas um outro votou contra, por razões diferentes, pretendendo um aumento de 75 pontos-base. Agora ninguém votou por esse aumento maior.

Nos mercados, espera-se, agora, um aumento mais modesto de 25 pontos-base na reunião de março e que a taxa esteja em 4,5% em meados do ano, refere o comunicado do BoE.

Apesar da descida da inflação em dezembro para 10,5%, depois de um pico em 11,1% em outubro, a inflação mais alta em 41 anos, o BoE está otimista em termos de ciclo de desinflação (redução da inflação). Prevê 8% no final do primeiro semestre e 8% no final de 2023. Mesmo assim muito elevado em termos de fazer regressar a inflação ao objetivo de 2%.

Surpresa espelhada na manchete do Financial Times

Os britânicos ficaram surpreendidos com a previsão do Fundo Monetário Internacional, divulgada em Singapura a 31 de janeiro, de que a economia britânica seria a única entre as grandes economias a cair em contração este ano. A manchete do ‘Financial Times’ espelhou a estupefação dos britânicos: serem os piores entre as grandes economias em 2023.

O BoE admitiu, esta quinta-feira, nas previsões que adiantou, que possa haver uma contração ligeira de 0,1% no primeiro trimestre deste ano.

A previsão negra do FMI não era novidade. No mercado, a anomalia na curva dos juros da dívida, conhecida por “curva invertida”, revela que as taxas a 6 meses, acima de 4%, são superiores às registadas no prazo a 2 anos (3,3%), e estas estão acima das exigidas pelos investidores para comprar obrigações com maturidade a 10 anos (3,2%).

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