O balanço final do ano ainda não é público, mas os dados já disponíveis permitem antecipar que em 2022 a contestação social terá aumentado significativamente. Até novembro de 2022, o número de pré-avisos de greve comunicados ao Ministério do Trabalho era já de 863, mais 25% do que os 691 registados no período homólogo de 2021, mostram os dados disponíveis na Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT). Para as centrais sindicais, é seguro dizer que, somando as muitas greves e paralisações realizadas em dezembro, 2022 ficará marcado pelo aumento da contestação social para níveis de 2019. Um movimento que, admitem, deverá prolongar-se em 2023.
A contestação dos professores tem marcado a agenda mediática das últimas semanas, mas não é a única a afetar o país, que desde o início do ano já viu parar os maquinistas da CP e da Metro Sul do Tejo, os trabalhadores do Instituto dos Registos e do Notariado, da Infraestruturas de Portugal, os trabalhadores portuários. Se recuarmos a dezembro do ano passado, a lista alonga-se. No último mês do ano — já com os habituais processos de negociação para atualizações salariais em curso — a contestação foi sobretudo visível no sector dos transportes (CP, IP, Metro, TAP e portos), comércio, contact centers, hotelaria, entre outros.