Economia

Zona euro afetada pela 'epidemia' dos juros invertidos, mas Portugal está fora desta tendência

Getty Images
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Na zona euro os investidores já exigem, em média, taxas mais altas de remuneração de dívida pública a 12 meses do que nos prazos até 4 anos. Este fenómeno de curva invertida dos juros é considerado um sinal de recessão

A epidemia da curva invertida de juros chegou à zona euro, segundo dados desta semana para os juros médios da dívida pública de toda a área da moeda única europeia publicados esta sexta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE).

Uma curva invertida significa que taxas de curto e médio prazo exigidas pelos investidores são superiores às registadas para prazos superiores. E esta inversão é encarada como um sinal antecipado de recessão económica nos próximos meses.

As taxas médias a 12 meses para o conjunto da dívida pública da zona euro registavam 2,2%, um nível acima dos juros para os prazos a 2, 3 e 4 anos. Por ser uma inversão muito limitada, os especialistas falam de uma curva parcialmente invertida. E os especialistas europeus, e os próprios dirigentes do BCE, estão na expetativa de uma recessão ‘suave’ e de curta duração na zona euro.

Alemanha com curva totalmente invertida

No entanto, para a Alemanha (a maior economia do euro) e Malta, a inversão da curva é total. No caso dos títulos de dívida germânicos, os juros a 12 meses, em 2,17%, são os mais elevados em toda a curva de obrigações.

A 10 anos, os juros estão em 1,84% e a 30 anos em 1,58%. Acima de 2% apenas se registam as taxas para os títulos a 12 meses (a mais alta, como já se referiu) e a 2 anos (2,07%).

Esta inversão total da curva é tida como antecipando uma recessão na maior economia do euro. Segundo as últimas previsões da Comissão Europeia, a economia alemã deverá cair 0,6% no próximo ano.

Portugal fora da tendência

Esta tendência da curva de juros totalmente invertida abrange 26 países, 14 dos quais são desenvolvidos, segundo os dados mais recentes do portal World Government Bonds, que monitoriza a situação da dívida pública à escala mundial. O grupo dos desenvolvidos inclui a Alemanha (analisada acima), Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Estados Unidos, Islândia, Israel, Malta, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido, Singapura, Suécia e Suíça.

As curvas parcialmente ou minimamente invertidas incluem 17 países, nove dos quais da zona euro (Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Espanha, França, Irlanda, Itália e Países Baixos) .

No caso da curva de juros das obrigações do Tesouro português registava-se uma inversão entre os prazos a 2 e 4 anos: a taxa a 2 anos é de 2,175%, superior às registadas para os dois prazos seguintes (2,109% e 2,136% respetivamente). Mas o portal WGB não inclui Portugal no grupo da curva minimamente invertida.

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