Economia

Luís Rodrigues e equipa reconduzidos na gestão do grupo SATA

Luís Rodrigues, presidente da SATA, salienta o grande potencial da SATA para os voos continentais, de ligação da Europa aos EUA
Luís Rodrigues, presidente da SATA, salienta o grande potencial da SATA para os voos continentais, de ligação da Europa aos EUA
Ana Baiao

Com a privatização da SATA Internacional prestes a arrancar, o presidente do Governo Regional dos Açores anunciou a reorganização do grupo e a intenção de reconduzir a atual equipa para um novo mandato

Luís Rodrigues, que lidera a SATA desde o final de 2019, vai ser reconduzido e irá presidir também à holding, que será criada para albergar o grupo aéreo açoriano, cujo objetivo é evitar a contaminação entre as companhias, numa altura em que se está a preparar a privatização da SATA Internacional - Azores Airlines.

O chefe do Governo dos Açores anunciou na quinta-feira, no 47.º Congresso Nacional Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAV), que irá indigitar o atual presidente da SATA, Luís Rodrigues, para futuro presidente da holding, justificando a decisão com a importância da "estabilidade" associada à "competência" do responsável. Além de Luís Rodrigues foram também convidados a continuar a restante equipa.

"Na qualidade de presidente do Governo, movido e empenhado pela estabilidade, ao contrário de outros que vivem em instabilidade, indigitarei o dr. Luís Rodrigues, atual presidente do conselho de administração, para futuro presidente da holding", revelou José Manuel Bolieiro, citado pela Lusa.

A nova administração terá de ser ainda ouvida no Parlamento. Luís Rodrigues e a sua equipa trouxeram a SATA para resultados próximos do lucro, depois de um longo período de anos de prejuízos, que estavam no patamar dos 50 milhões de euros antes da pandemia. 2022 foi ano de recorde de passageiros transportados e de receitas, e a perspetiva da gestão é que 2023 seja de novo um "ano positivo".

Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma reorganização da estrutura empresarial.

A SATA chegou a 2020, ano da pandemia, com capitais próprios negativos de 253 milhões de euros, depois cinco anos a acumular prejuízos. Tinha no final daquele ano 150 milhões de receitas, 200 milhões de custos - dos quais 30% eram gastos com os trabalhadores - e 53 milhões de euros de prejuízos. Uma sucessão de prejuízos desde 2014, que chegaram a ser de 60 milhões de euros em 2018. A companhia transporta 45% dos passageiros que vêm fora das ilhas, assegura 100% das ligações aéreas entre ilha e faz 65% da carga aérea para fora de ilhas.

Privatização arranca no início de 2023

A injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma 'holding' que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações subsidiárias. A privatização da Azores Airlines vai arrancar no início do ano.

Estão ainda previstas a obrigação de a SATA ter um limite máximo na sua frota até ao final do plano de reestruturação e a proibição de, também até esse prazo, fazer qualquer aquisição de aviões.

Na quinta-feira, na abertura do congresso nacional da APAV, o chefe do executivo açoriano sublinhou que "a confiança e o contributo dado à recuperação é essencial para, com estabilidade, assegurar o novo caminho de reestruturação da SATA", com "o compromisso da não interferência política na gestão" da companhia aérea.

"A empresa deve ser assim gerida com autonomia e competência", vincou José Manuela Bolieiro, ao adiantar ainda que será criada a comissão técnica de acompanhamento da privatização da SATA. Assim, acrescentou, "teremos um ator a acompanhar com transparência e rigor o processo da privatização".

Em novembro, durante o debate do Plano e do Orçamento da região para 2023, o executivo açoriano anunciou que a reestruturação societária da SATA vai ficar concluída no início de dezembro e o concurso público para a privatização de 51% da Azores Airlines (companhia do grupo SATA responsável pelas deslocações de e para o exterior do arquipélago) vai arrancar em 1 de janeiro de 2023.

"É da nossa natureza não deixar para amanhã o que pode ser feito hoje", frisou o presidente do Governo Regional na abertura do congresso. O chefe do executivo açoriano disse ainda que o conselho de Governo realizado na semana passada "aprovou já a resolução que estabelece a reorganização societária do grupo SATA". "Há, como veem, trabalho feito no sentido correto", reforçou.

Bolieiro assegurou que o executivo açoriano está "firmemente comprometido" com "a recuperação do grupo SATA, cumprindo até com antecipação alguns calendários". “A SATA devolveu à região entradas de capital consideradas ilegais pela Comissão Europeia. A região pagou à SATA o que lhe devia”, sustentou, indicando ainda que "a região tem mantido em dia as subvenções devidas pelos contratos de concessão de serviço público". É, reforçou, "público que os resultados do grupo melhoraram".

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