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As três grandes mudanças nas contas do BCE

As três grandes mudanças nas contas do BCE
Ralph Orlowski

A par da subida dos juros, o aperto da política monetária em 2022 faz-se já sentir no balanço do Banco Central Europeu, que registou três alterações fundamentais. A carteira de títulos de dívida e os empréstimos aos bancos comerciais emagreceram e os depósitos bem remunerados no BCE dispararam

O aperto da política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE) está a ser operado principalmente através da subida dos juros, que já soma um aumento acumulado de 200 pontos-base (2 pontos percentuais). A taxa diretora saltou de 0% no final do ano passado para 2% desde outubro e a taxa de remuneração dos depósitos dos bancos comerciais no Eurosistema subiu de um valor negativo para 1,5%.

No entanto, a par desta via de endurecimento da política monetária, o BCE está a alterar a dimensão do seu balanço desde o pico do valor dos ativos (e dos passivos) em 8,84 biliões de euros no final de junho deste ano. Segundo os dados publicados pelo BCE esta semana, o valor do balanço caiu, a 2 de dezembro, para 8,47 biliões de euros. Desde o pico, a redução soma cerca de 370 mil milhões de euros (um pouco mais do que o equivalente ao PIB da Irlanda).

Esta redução ainda não é fruto de uma política ativa de corte do balanço, o que tecnicamente é designado por “aperto quantitativo” (QT, no acrónimo em inglês). Essa política vai ser lançada em breve, na reunião do BCE da próxima semana, que definirá, numa primeira fase, os “princípios” desse aperto, e, numa segunda etapa, o calendário, explicou Philip Lane, o economista-chefe, numa entrevista na segunda-feira ao jornal italiano Milano Finanza.

Apesar de o QT ainda não estar em marcha, o balanço do BCE já sofreu três alterações importantes, duas nos ativos e uma no passivo. O volume de empréstimos de prazo alargado aos bancos comerciais emagreceu, sobretudo depois do último reembolso efetuado em dezembro. A carteira de títulos de divida comprada no mercado pelo BCE reduziu-se. No passivo, o montante de depósitos dos bancos comerciais na facilidade permanente de depósito, desde que esta passou a ser remunerada com uma taxa positiva, disparou, depois de uma transferência em massa a partir dos depósitos à ordem.

O objetivo do aperto da política monetária é dificultar o crédito à economia real e ao endividamento dos governos para forçar a contração na economia da procura (de famílias, empresas e gasto público). Tornar atraente a remuneração de depósitos dos bancos comerciais na facilidade permanente (retirando liquidez no financiamento às empresas e às famílias), reduzir a carteira de títulos de dívida pública e privada, provocando a subida dos juros de endividamento, e reduzir as linhas de financiamento barato do BCE aos bancos comerciais são armas da operação global.

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