Hyatt inaugura hotel em Belém e prepara um novo projeto em Lisboa, além da Madeira. “Temos um grande ambiente em Portugal para crescer”
A vista sobre o rio Tejo é um dos trunfos do Hyatt Regency Lisboa, que conta com 204 quartos de luxo
Gonçalo Miller
Multinacional hoteleira estreou-se no país com o Hyatt Regency Lisboa, onde foram investidos €70 milhões, e está a avançar com um novo hotel de luxo na Baixa, no edifício que pertencia ao BPI e ocupa um quarteirão inteiro na Rua Augusta. Tem na calha também a abertura de um resort no Porto Santo, e estuda novos projetos no Porto, no Algarve ou no Alentejo
Foi oficialmente inaugurado esta terça-feira o hotel Hyatt Regency Lisboa, na zona de Belém, após uma abertura faseada (soft-opening) a 26 de agosto. Este projeto marca a entrada da multinacional hoteleira em Portugal, que já tem na calha a abertura em 2025 de um segundo hotel em Lisboa, no edifício da Baixa que pertencia ao BPI ocupando um quarteirão inteiro, além da inauguração de um resort no Porto Santo, o que deverá ocorrer entre finais de 2023 e 2024.
O Hyatt Regency Lisboa, situado a uma distância a pé do centro de congressos da FIL, na Junqueira, envolveu investimentos de €70 milhões, assegurados pela UIP-United Investments Portugal (também proprietária do resort Pine Cliffs no Algarve, do Sheraton Cascais e do Yotel no Porto) em parceria com a Fibeira.
“Tenho a certeza do sucesso desta propriedade, e os resultados até aqui têm sido surpreendentes pela positiva”, realçou durante a inauguração Carlos Leal, presidente da UIP, que além de Portugal também tem uma presença forte no Dubai, grupo que assegura a gestão do hotel em Belém sob a marca Hyatt.
Mas foi preciso percorrer um “longo caminho” até se conseguir chegar hoje ao momento da inauguração no novo hotel de luxo em Lisboa, e que trouxe a Portugal a cadeia Hyatt.
“Fez 22 anos em julho que comprei este prédio, e bem sei o que isto custou e o que foi esta guerra. Este projeto passou por cinco presidentes da câmara, alterámos várias vezes o projeto, o plano de pormenor demorou dez anos, mas apesar deste tempo todo, cá estamos”, enfatizou na ocasião Armando Martins, presidente da Fibeira.
O projeto do hotel data desde há 22 anos, quando foi comprado o edifício para o efeito
Gonçaslo Miller
“Quando o Armando Martins diz que demorou 22 anos com este projeto, devemos envergonhar-nos disso, e eu, como presidente da câmara, fico envergonhado”, salientou na ocasião Carlos Moedas, presidente da câmara de Lisboa. “Este é um projeto extraordinário para a cidade de Lisboa, e o que eu quero para a cidade em relação ao futuro é a capacidade de trazer o sonho de haver mais hotéis deste tipo, para trazer um turismo de maior qualidade, mas também para cuidar dos lisboetas”.
Quartos de hotel vendidos a investidores privados como apartamentos
O novo hotel em Belém opera com um modelo de negócio diferente, num misto de imobiliária e hotelaria, em que todos os seus quartos resultam de apartamentos vendidos a investidores privados, que depois os colocam à exploração turística sob a chancela da Hyatt.
“O hotel é constituído por 142 unidades/apartamento, convertíveis em 204 quartos de hotelaria, dos quais 105 são suites, o que é único no mercado”, explica Hélder Martins, diretor do Hyatt Regency Lisbon, frisando ainda que “todos os quartos têm varanda, e 85% com vista para o rio”.
Nesta fase, “estão praticamente vendidos todos os quartos, faltando apenas 5% a 10%”, adianta Hélder Martins. Com preços desde €770 mil a €2,5 milhões, e com tipologias que variam entre T1 e T3, os apartamentos têm sido vendidos a investidores de várias origens, do Médio Oriente, da Ásia, da Austrália, dos Estados Unidos ou da América do Sul, além de vários países europeus (incluindo portugueses).
Os maiores quartos do hotel Hyatt em Belém têm 188 metros quadrados, e atingem diárias superiores a 2 mil euros na época alta, destacando-se como dos que têm maior ocupação
Gonçalo Miller
Uma das chaves do sucesso nas vendas é que ao comprar um apartamento no Hyatt Regency Lisboa, o investidor acede ao programa de atribuição de ‘vistos gold’, sendo garantido aos proprietários um retorno mínimo do investimento de 5% nos primeiros cinco anos, e de 3% considerando um prazo de dez anos.
Além de incluir um espaço de 420 metros quadrados equipado para congressos e eventos corporativos, outro dos principais trunfos do hotel Hyatt em Belém é o de incluir um luxuoso Spa da marca Serenity, com uns amplos 1000 metros quadrados, que integra áreas de descanso que se assemelham a ilhas ou salas que funcionam como um Spa privado, numa experiência que se pretende “multisensorial”. O hotel contempla quatro restaurantes, dois dos quais já estão a funcionar ,(o Viseversa e o Zest).
Boas perspetivas em Portugal para 2023
A vertente do luxo no Hyatt Regency Lisboa é evidenciada no espaço das suas unidades de alojamento, cuja suites maiores atingem 188 metros quadrados, podendo aincluir três diferentes quartos. Estas suites têm sido das mais requisitadas nos três primeiros meses de operação, podendo o preço das diárias, em época alta, ultrapassar a casa dos €2000.
Um dos trunfos do novo hotel em Lisboa é o luxuoso Spa Serenity, com 1000 metros quadrados
D.R.
Apesar do contexto de guerra que se vive, nestes três primeiros meses de operação os resultados no novo Hyatt em Lisboa “ultrapassaram todas as expectativas”.
“Em setembro tivemos quase 90% de ocupação, e em outubro 70%, Vamos acabar o ano com um preço médio de €250 por quarto”, detalha Carlos Leal.
“Conseguimos abrir com um grupo automóvel para o lançamento de um carro Smart, que ocupou o hotel quase o mês inteiro, o que fez com que setembro ficasse muito acima do nosso orçamento. Já tivemos também vários outros eventos, nomeadamente com a Toyota, ou também com embaixadas devido à nossa localização”, refere o responsável da United Investments Portugal.
Se os três primeiros meses de operação em 2022 do novo hotel Hyatt em Lisboa ultrapassaram as expectativas (com forte presença de clientes norte-americanos, brasileiros, dos emirados árabes, mas também europeus, ou especificamente portugueses), para 2023 “já temos um bom negócio em reserva, para eventos previstos ao longo de todo o ano”, avança Carlos Leal.
O novo hotel em Lisboa contempla quatro restaurantes, dos quais já estão abertos dois (viseversa e Zest)
Gonçalo Miller
“Indiscutivelmente vai haver desafios, não será um ano fácil, e não é só devido à guerra, também com a falta de mão-de-obra na indústria hoteleira ou os custos de energia. Mas cá estamos para ultrapassar os desafios”, garante Carlos Leal, frisando que “tentamos posicionar-nos de forma positiva, e já tivemos desafios grandes com a covid”.
“Portugal é hoje, como não era há anos atrás, um destino muito atrativo e popular para mercados da Europa, em particular de países escandinavos, dos Estados Unidos ou do Médio Oriente, praticarem um turismo de vir descobrir uma cidade”, faz também notar Hélder Martins.
Hyatt estuda novos projetos em Portugal, até em “cidades secundárias”
Após entrar em Portugal com o novo hotel em Belém, o grupo Hyatt está de momento ativamente à priocura de mais destinos no país para lançar hotéis.
Após a abertura do Hyatt Regency, a multinacional hoteleira projeta um segundo hotel em Lisboa, com uma das suas marcas de luxo
Gonçalo Miller
O destaque vai para o projeto da multinacional em ter um segundo hotel em Lisboa, no edifício da Baixa que pertenceu ao BPI na Rua Augusta, e ocupa um quarteirão inteiro, conforme avançou ao Expresso Nuno Galvão Pinto, vice-presidente da Hyatt na área de desenvolvimento para a Europa.
O edifício na Baixa “já foi comprado”, planeando o grupo Hyatt instalar ali um hotel com 130 quartos da sua marca de luxo Andaz, podendo incluir também apartamentos para estadas mais longas, mas num modelo diferente do Regency em Belém. E neste caso a gestão é assegurada no seio do próprio grupo Hyatt. O objetivo é que o projeto possa estar operacional “no final de 2025”.
A Hyatt também já tem em carteira a abertura de um resort com ‘tudo incluido’ na região da Madeira, designadamente na ilha do Porto Santo, o que deverá ocorrer em 2024 “ou mesmo já em 2023”, segundo Nuno Galvão Pinto.
O novo projeto da Hyatt no Porto Santo - o Dreams Madeira Resort Spa & Marina - serrá gerido por uma cadeia interna do grupo (o Apple Leisure Group), e contará com dez restaurantes e sete bares, atividades diárias e serviço de quarto 24 horas, num investimento ainda não quantificado, segundo o responsável.
“Temos uma grande ambição para crescer em Portugal e trazer mais marcas, não só em Lisboa, mas também no Porto, no Algarve, no Alentejo, ou em cidades secundárias, como por exemplo Coimbra, e teremos seguramente oportunidades que se vão concretizar”, refere o vice-presidente de desenvolvimento da Hyatt para a Europa.
Apesar de todas as incertezas que se colocam para 2023 e de nesta fase ser “muito difícil obter financiamento para novos desenvolvimentos”, Nuno Galvão Pinto frisa que “há muito dinheiro para investir, só que as pessoas estão à espera de ver o que se irá passar no próximo ano”.
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