O balanço financeiro do Banco Central Europeu (BCE) emagreceu, em apenas uma semana, 297,62 mil milhões de euros, segundo os dados publicados esta terça-feira referentes a 25 de novembro para a situação financeira consolidada do Eurosistema.
O grosso da ‘dieta’ deveu-se ao reembolso antecipado em 23 de novembro por 174 bancos comerciais de 296,3 mil milhões de euros dos empréstimos contraídos ao abrigo das linhas de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (conhecidas pela sigla inglesa TLTRO). O saldo destas operações de prazo alargado caiu de 2116,3 mil milhões registados desde final de setembro para 1819,9 mil milhões de euros a 25 de novembro. No início do ano somavam 2201,5 mil milhões. As próximas datas para reembolsos antecipados são a 25 de janeiro e 22 de fevereiro.
A diminuição nesta rubrica levou à redução dos ativos do BCE, que desceram de 8769 mil milhões a 18 de novembro para 8471 mil milhões em 25 de novembro. Além da redução no ativo do montante de operações de refinanciamento, a carteira de títulos de dívida pública e privada (adquiridos ao abrigo dos programas de compra decididos pelo BCE) diminuiu 5,5 mil milhões, em virtude das operações de reinvestimento terem sido inferiores às amortizações.
No passivo do BCE reduziu-se significativamente o valor dos depósitos na chamada facilidade permanente, que diminuiu 290,5 mil milhões de euros. Também a conta de depósitos à ordem se reduziu ligeiramente (8,1 mil milhões).
Desde o pico do valor dos ativos do BCE em junho, quando atingiu um recorde de 8,84 biliões de euros, a redução do balanço soma 365 mil milhões de euros.
O valor do ativo e do passivo do BCE é idêntico, No ativo incluem,-se, por exemplo, o ouro, a participação no Fundo Monetário Internacional, os empréstimos a instituições de crédito (como as referidas linhas de refinanciamento de prazo alargado) e a carteira de títulos adquiridos ao abrigo dos programas de politica monetária. No passivo incluem-se os depósitos dos bancos comerciais e das Administrações Públicas, o capital e as reservas.
No entanto, a grande redução do balanço financeiro só é esperada depois de o BCE colocar em marcha o processo de diminuição significativa da carteira de títulos de dívida. Os “princípios” para essa nova fase de aperto da política monetária em 2023 serão divulgados na próxima reunião de 15 de dezembro, a última do ano. Esse processo de redução da carteira de títulos é designado, na linguagem dos bancos centrais, por “aperto quantitativo”( QT, no acrónimo em inglês).
O desenho do aperto da política monetária - também designado por ‘normalização’. depois de um ciclo de intervenção expansionista do BCE - comporta três fases que Christine Lagarde, a presidente do banco, tem seguido à linha: primeiro, a descontinuação dos programas de aquisição de dívida em março e julho (ficando apenas a operar os reinvestimentos das amortizações); depois o início da subida das taxas diretoras (em julho); a facilitação do reembolso dos empréstimos aos bancos comerciais (de modo a emagrecer as linhas de refinanciamento de prazo alargado); e, finalmente, a anunciar em dezembro, a revisão das regras de reinvestimento das amortizações com vista a emagrecer significativamente a carteira de títulos.
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