A Hytlantic, sociedade veículo que junta EDP, Galp e outros acionistas, para o desenvolvimento de um projeto de hidrogénio verde em larga escala em Sines, iniciou o licenciamento ambiental do projeto conhecido como GreenH2Atlantic.
O consórcio, que além da EDP e da Galp também inclui a Bondalti, a Engie, a Martifer e a Vestas, apresentou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) uma proposta de definição do âmbito do estudo de impacto ambiental. Trata-se de uma fase preliminar no licenciamento, na qual a APA irá, após consulta pública, trabalhar com o promotor na definição das matérias que têm de ser consideradas no estudo de impacto ambiental.
O documento submetido à APA (e já em consulta pública, até 12 de dezembro) explica que o consórcio pretende numa primeira etapa do GreenH2Atlantic instalar uma unidade de produção de hidrogénio verde nos terrenos que eram ocupadas pela antiga central termoelétrica a carvão (da EDP), com o arranque de produção previsto para o ano 2026.
Essa unidade terá uma capacidade de eletrólise de 96 megawatts (MW), distribuída por 96 blocos de 1 MW cada.
É esperada uma produção anual de 9 mil toneladas de hidrogénio verde, dos quais 31% serão enviados para a refinaria da Galp em Sines (substituindo o hidrogénio dito cinzento que a Galp já aí consome, obtido a partir do gás natural). Os restantes 69% da produção serão injetados na rede de transporte de gás natural que é operada pela REN.
A unidade de hidrogénio verde a instalar no terreno da antiga central a carvão (com cerca de 4 hectares) será ligada às instalações da REN e da Galp por um gasoduto de 7 quilómetros e 40 centímetros de diâmetro.
Os eletrolisadores usarão água desmineralizada, obtida numa nova unidade dessalinização de água do mar, consumindo aproximadamente 62 metros cúbicos por hora de água do mar. Esta água também será usada na refrigeração da central de hidrogénio verde.
Um dos benefícios do projeto que vem sendo destacado pelos promotores é a possibilidade de aproveitamento de várias infraestruturas que já eram usadas pela EDP na central a carvão, e que servirão também para a unidade de hidrogénio verde.
Para qualificar a produção como hidrogénio verde, a eletricidade que abastecerá esta unidade em Sines terá de ser limpa, prevendo os promotores que o abastecimento recorra a 100 megawatts (MW) de potência solar e 97 MW de potência eólica, através de contratos de aquisição de energia com certificação da proveniência da energia.
O consórcio Hytlantic viu em setembro deste ano o projeto GreenH2Atlantic ser classificado pelo Governo com o estatuto de projeto de “Potencial Interesse Nacional” (PIN). E antes disso obteve um apoio comunitário de 30 milhões de euros ao abrigo do programa Horizon 2020.
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