O Banco Central da Islândia e o Banco da Reserva da Nova Zelândia decidiram esta quarta-feira subir as taxas diretoras uma vez mais este ano. A Islândia subiu os juros para 6% e a Nova Zelândia para 4,25%, sendo as taxas mais altas nas economias desenvolvidas. Em relação ao Banco Central Europeu (BCE), a taxa islandesa é o triplo e a neozelandesa está 225 pontos-base acima (2,25 pontos percentuais).
A razão do aperto monetário é a mesma: fazer baixar a inflação que estava em outubro em 9,4% na Islândia e em setembro em 7,2% na Nova Zelândia. A perspetiva de consequências do aperto monetário na economia é, no entanto, diferente entre os dois arquipélagos: a Islândia deverá crescer 2,8% em 2023 enquanto a Nova Zelândia deverá registar uma recessão entre o segundo trimestre de 2023 e os primeiros três meses de 2024 com uma quebra acumulada de 1%. Apesar de se esperar um período recessivo no próximo ano, a taxa do banco central da Nova Zelândia deverá situar-se acima de 5% até ao segundo trimestre de 2025, segundo as projeções apresentadas esta quarta-feira.
Em novembro, nas economias desenvolvidas, já aumentaram as taxas os bancos centrais da Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, Israel e esta quarta-feira a Islândia e a Nova Zelândia. O banco central da Suécia reúne-se na quinta-feira. O BCE, depois da reunião de 27 de outubro, quando subiu para 2% a taxa diretora, só volta a reunir-se a 15 de dezembro.
Apesar de elevadas em termos nominais e das dores que estão a provocar no crédito às famílias e empresas, as taxas dos bancos centrais nas economias desenvolvidas continuam abaixo do nível de inflação, pelo que, em termos reais, as taxas ainda estão em terreno negativo, “acomodativo” (por oposição a “restritivo”, quando estiverem acima da inflação). As perspetivas são, por isso, de continuação da vaga de aumentos das taxas.
Islândia e Estados Unidos lideram aperto monetário
O Banco Central da Islândia lidera em 2022 o aumento da taxa diretora nas economias desenvolvidas. A subida acumulada, este ano, é de 400 pontos-base (4 pontos percentuais).
Em segundo lugar, nesta corrida, está a Reserva Federal dos Estados Unidos, com um aumento acumulado de 375 pontos-base. Seguem-se o Banco da Reserva da Nova Zelândia e o Banco do Canadá com 350 pontos-base cada um.
O BCE ainda só regista uma subida acumulada de 200 pontos-base nos juros, que estão em 2% para a taxa diretora e 1,5% para a remuneração dos depósitos dos bancos comerciais na “facilidade de depósito” (onde estão ‘estacionados’ atualmente 4,6 biliões de euros). O banco liderado por Christine Lagarde, e que abrange 19 bancos centrais nacionais integrados no euro, só iniciou o processo de subida dos juros a 27 de julho, retirando a taxa de remuneração dos depósitos de terreno negativo e a taxa diretora principal de zero.
Recorde-se que a vaga de subida das taxas diretoras dos bancos centrais se iniciou em 2021, sobretudo por parte das economias emergentes e em desenvolvimento. Quatro bancos centrais de economias desenvolvidas iniciaram o aperto monetário ainda no ano passado: Islândia (logo em maio), Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido.
Em 2022 já foram tomadas 321 decisões de aumento dos juros pelos bancos centrais, quase o triplo das registadas no ano passado. As decisões de corte das taxas, este ano, são apenas 13, tendo sido tomadas pelos bancos centrais da Rússia, Turquia, Usbequistão e China (que, esta semana, não mexeu nas taxas), que remam declaradamente contra a maré.
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