Ao contrário dos banqueiros e do próprio ministro das Finanças, Mário Centeno leu o livro “O Governador”, onde constam as memórias de dez anos de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal. Mas leu-o para saber o que sobre si dizia.
“Não li o livro todo. Li o livro em torno da palavra Centeno”, disse o governador do Banco de Portugal esta segunda-feira, 21 de novembro, na CNN Portugal International Summit. Conclusão? “Tinha outra ideia de como se consegue tratar a verdade”.
Mário Centeno não se quis alongar muito mais, dizendo que não tinha mais a acrescentar à frase dita na semana passada, quando criticou que no país se “mantém o velho hábito de reescrever a História, com dados censurados”.
“Toda a gente conhece a história, houve variadíssimas comissões de inquérito onde é suposto dizer a verdade, nada mais que a verdade”, atirou o antigo ministro das Finanças. Mesmo assim, Centeno falou mais do que o atual ministro das Finanças, Fernando Medina, e que os atuais banqueiros, que disseram não ter interesse em ler o livro – só Miguel Maya disse que tinha de ler as partes em que há referência ao BCP.
Concretamente, o governador disse na conferência da CNN que “não é verdade” que o Governo agiu nas costas do Banco de Portugal nos últimos dias de vida do Banif (o governador defende que foi o primeiro-ministro a precipitar o fim da instituição), e recusou também ter feito “pressão psicológica” sobre Carlos Costa.
O antigo ministro das Finanças recusou alguma vez ter pressionado alguém fora do que é o exercício legítimo das suas funções, e o mesmo referiu em relação a sentir-se pressionado. “A pressão é quase um estado de espírito”, começou por referir.
“Nunca me senti pressionado a fazer nada daquilo que são as minhas obrigações, nem enquanto ministro, nem enquanto governador”, declarou Centeno. “Nunca pressionei ninguém sempre que esteja no exercício das minhas funções e legitimamente no exercício das minhas funções”, continuou.
Carlos Costa considerou, no livro com as suas memórias, ter sido alvo de tentativa de interferência política por parte do primeiro-ministro, António Costa, em 2016, relatando um telefonema em que lhe foi pedido para não afastar Isabel dos Santos da administração do Banco BIC. Também deixa críticas a Centeno por uma alegada pressão psicológica para o fazer abandonar o cargo.
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