O próximo ano poderá continuar a ser marcado pela “resiliência da economia portuguesa, em particular do turismo”, apesar das incertezas que se colocam com a guerra na Ucrânia, avançou António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, no congresso da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) que decorre em Fátima, dedicado à temática ‘Winds of Change’ (Ventos de Mudança).
“Se em 2019 o turismo bateu o recorde com 27 milhões de turistas e 18,4 mil milhões de receitas, este ano até agosto já atingimos 14,6 milhões de receitas, 14% acima de 2019”, realçou o ministro da Economia, destacando que iremos chegar ao final do ano “com as exportações do turismo a representarem 49% do Produto Interno Bruto (PIB), quando no ano passado este peso foi de 41%”.
“Tenho esperança que 2023 seja ainda de resiliência da economia portuguesa, em particular do turismo - com abrandamento, mas continuaremos a crescer”, adiantou António Costa Silva, lembrando que “apesar da guerra na Ucrânia, da subida das matérias-primas e da Europa enfrentar a pior crise energética da sua história, a previsão para a economia portuguesa é a de crescer 6,5% este ano”, o maior crescimento na União Europeia, “e já no terceiro trimestre crescemos 4,9%, com um crescimento em cadeia na ordem dos 7%”.
“No nosso cantinho, podemos conseguir manter esta vivacidade”
“Quando continuam as convulsões no mundo, os turistas irão escolher um destino seguro, como é Portugal, porque somos uma espécie migratória, que gosta de viajar”, realçou Costa e Silva, enfatizando a importância de apostar em mercados onde a crise é menos sentida, e deu o exemplo dos “turistas norte-americanos que aumentaram 28% em Portugal até agosto”.
Referindo que “vamos ter uma retração na Europa, e uma recessão na Alemanha” - e frisando que “não precisamos de cenários idealistas, mas também não podemos ser catastrofistas” -, o ministro da Economia adiantou, em particular no que toca ao turismo, que “aqui no nosso cantinho, podemos conseguir manter esta vivacidade (obtida em 2022)”.
Mas este objetivo não será possível “se não se continuarem a ajudar as empresas, sobretudo na sua capacidade de capitalização, e lutarei para o conseguir concretizar”.
O ministro da Economia frisou que a Europa costumava importar à Rússia 140 milhões de metros cúbicos de gás, “o que representa 27% do mercado mundial de LNG”, e sustentou ser “indispensável suprir esta fonte de gás, é esta crise energética que está no centro das nossas disputas atuais”.
Costa Silva chamou a atenção para o novo programa de apoios do Governo totalizando três mil milhões de euros para ajudar as empresas a reduzir as faturas de energia, dos quais dois mil milhões de destinam ao gás e mil milhões à eletricidade.
O recurso financeiro das empresas tem sido sobretudo a nível de endividamento bancário, sendo fundamental que tenham “acesso a outros instrumentos capazes de reforçar os seus capitais próprios”, sublinhou ainda o ministro da Economia.
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