A economia portuguesa vai avançar uns robustos 6,6% este ano, o dobro da média dos parceiros europeus, mas abrandar em força em 2023, quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 0,7%. Ainda assim, mais uma vez, avançará mais do dobro da média da União Europeia (UE) e da zona euro. Já em 2024 o PIB deve aumentar 1,7%, ligeiramente acima da média europeia. É este o cenário traçado pela Comissão Europeia (CE) nas previsões económicas de outono, publicadas esta sexta-feira.
Bruxelas não prevê uma recessão no próximo ano, em Portugal e na Europa, apesar do impacto do arrastar da guerra na Ucrânia, da crise energética, da elevada inflação e da forte subida dos juros. Mas é por uma pequena margem.
Os números da Comissão Europeia para o crescimento da economia portuguesa comparam favoravelmente com os do Governo em relação a este ano - o cenário macro do Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023) aponta para uma expansão do PIB de 6,5%. Contudo, são muito mais pessimistas no que toca a 2023. Enquanto Bruxelas aponta para um crescimento de apenas 0,7%, a equipa do Ministério das Finanças, liderada por Fernando Medina, antecipa quase o dobro, ou seja, que o PIB avance 1,3%.
Apesar do abrandamento previsto para a economia portuguesa, a Comissão antecipa uma forte resiliência do mercado de trabalho nacional, esperando que a taxa de desemprego recue de 6,6% em 2021 para 5,9%, e se mantenha nesse patamar em 2023. Para 2024 aponta um novo recuo, para 5,7%.
Inflação mantém-se elevada no próximo ano
Apesar da trajetória de forte subida dos juros de referência encetada pelo Banco Central Europeu desde julho para travar a inflação, Bruxelas não traz boas notícias para a evolução dos preços no próximo ano. Segundo as previsões da CE, a inflação vai abrandar, mas manter-se elevada. Na Europa e em Portugal.
Para Portugal, Bruxelas antecipa uma taxa de inflação de 8% este ano, diminuindo para 5,8% em 2023, e para 2,3% em 2024. Ou seja, a taxa de inflação em 2024 ainda deverá estar acima do valor de referência de 2%.
São projeções mais pessimistas do que as do Governo, tanto para este ano, como, sobretudo, para 2023. Recorde-se que no OE 2023 os números inscritos por Fernando Medina são de uma taxa de inflação de 7,4% em 2022, baixando para 4% no próximo ano.
Ainda assim, a inflação em Portugal até deverá ser mais baixa do que na zona euro. A CE aponta para 8,5% este ano, 6,1% em 2023, e 2,6% em 2024 no caso do espaço da moeda única.
Isto significa que, tal como em Portugal, a inflação na zona euro ainda estará acima da fasquia de referência do Banco Central Europeu (BCE) - os famosos 2% - em 2024. Face a este cenário, tudo indica que a subida dos juros pelo BCE é para continuar.
Bruxelas espera mais défice do que o Governo em 2023
Quanto às finanças públicas, a CE alinha com o Governo na previsão para o défice deste ano, apontando para 1,9% do PIB.
Mas, para 2023 está mais pessimista. Bruxelas antecipa que o saldo negativo das contas públicas atinja 1,1% do PIB, enquanto o Ministério das Finanças inscreveu um défice de 0,9% no OE 2023.
Em relação ao rácio da dívida pública portuguesa, a CE aponta para uma descida para 115,9% este ano, para 109,1% em 2023, e para 105,3% em 2024.
São valores próximos dos de Fernando Medina. As Finanças antecipam uma descida para 115% este ano e para 110,8% em 2023.
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