A escalada da inflação não perdoou e a perda de poder de compra associado ao salário médio em Portugal acentuou-se no terceiro trimestre deste ano, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quinta-feira.
Tendo em conta informação sobre 4,5 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social (sector privado) e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações (sector público), o INE conclui que, em termos nominais, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 4% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2021, atingindo 1353 euros.
Só que, em termos reais - ou seja, tendo em conta o impacto da inflação, para aferir a evolução do poder de compra - registou-se uma queda de 4,7%.
Este valor compara com um recuo de 4,4%, também em termos reais, no segundo trimestre deste ano. Ou seja, a perda de poder de compra associada ao salário médio em Portugal acentuou-se durante o verão.
Função pública com maiores perdas
O recuo do salário médio em termos reais é transversal aos diversos sectores de atividade, já que o aumentos salariais em termos nominais - também transversais - ficaram aquém da inflação. Além disso, a queda é mais marcada nas maiores empresas, e mais intensa no sector público do que no sector privado.
Em termos sectoriais, foi na “Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória” que o salário médio mais caiu em termos reais, com um recuo de 7,8%, indicam os dados do INE.
Já a menor queda deu-se na “Educação” (-1,9%).
Já distinguindo entre sector público e sector privado, a autoridade estatística nacional conclui que a remuneração bruta total mensal média por trabalhador é mais elevada no público do que no privado.
Contudo, é no sector público que o salário médio mais encolheu em termos reais no terceiro trimestre, com uma variação homóloga de -6,5%. Uma evolução a que não será estranha a atualização salarial anual nominal de apenas 0,9% da função pública este ano, implementada em janeiro.
Quanto ao sector privado, o salário médio também cai em termos reais no terceiro trimestre, mas o recuo é menos expressivo: -3,9%.
Por fim, em termos de dimensão das empresas, o INE indica que foi nas maiores (acima dos 500 trabalhadores) que o salário médio mais caiu em termos reais no terceiro trimestre: -6,7%.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: slourenco@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes